Mars Pathfinder: missão Planeta Vermelho

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Se pudesse falar, o robô andarilho Sojourner talvez dissesse “um pequeno deslocamento para mim, uma gloriosa caminhada para a humanidade”. A frase resumiria o entusiasmo –perfeitamente justificado– dos técnicos da NASA, a Agência Espacial Norte-americana, com a bem sucedida caminhada da engenhoca de seis rodas que está na superfície de Marte colhendo informações para revelar os seus mistérios.
Na realidade, o sucesso começou quando o inusitado pouso aconteceu: no dia 4 de julho, dia em os Estados Unidos comemoram sua independência, como uma bola de futebol, Mars Pathfinder –ou, literalmente, ‘explorador de Marte’– caiu na superfície do planeta vermelho, pulando no impacto amortecido por enormes ‘airbags’, um dispositivo antes conhecido apenas como opcional de segurança nos automóveis terrestres.

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Às 14h07, hora de Brasília, o controle da missão recebeu o primeiro sinal da sonda dizendo que tudo tinha saído como programado. Estava então testado e aprovado, em condições reais de uso, o mecanismo de pouso que foi um dos responsáveis pelo custo da missão ter sido estimando em U$$ 196 milhões, um preço relativamente baixo comparado aos gastos de missões anteriores e os benefícios científicos que elas trouxeram.
O pouso aconteceu apenas quatro minutos depois de a sonda “invadir” a atmosfera de Marte a uma velocidade de 25.740 km/h. Foi a primeira vez que houve aterrissagem em um planeta sem que a nave tenha entrado em órbita e a primeira vez que um pára-quedas foi usado para velocidades supersônicas, neste caso 2.896 km/h (na primeira parte da “freada” espacial). Foi também a primeira vez que um veículo com controle remoto foi colocado para rodar na superfície de um planeta, capaz de se deslocar por terrenos bastante acidentados a uma velocidade de um centímetro por segundo.

A maldição do Planeta Vermelho
A última vez em que uma nave terráquea esteve em Marte foi em setembro de 1976, através da Sonda Viking. A sonda mandou cerca de 55 mil fotografias do planeta vermelho e foi a missão que gerou uma das imagens que mais intrigam ufólogos até hoje: uma figura parecida com um rosto, ao lado de formações rochosas que lembram pirâmides. Ainda não será, no entanto, a Mars Pathfinder que responderá às perguntas advindas desta imagem.

Os principais objetivos da missão que colocou na superfície marciana um robô e uma estação de observação batizada com o nome de Carl Sagan, em homenagem ao astrônomo e grande divulgador da ciência que morreu neste ano, são o estudo da composição das rochas, a análise da possibilidade de existência, nos dias de hoje ou no passado, de água, e descobrir se já houve vida no planeta. Para isso, o robô Sojourner levou um Espectômetro de Raios-X Alpha Próton, instrumento que pode fazer análises sobre a composição das rochas e do solo do local de poeira avermelhada conhecido como Ares Vallis.
O fato do pouso ocorrer sem maiores problemas e das primeiras imagens começarem a chegar já foi, por si só, motivo de grande comemoração na Terra. As duas últimas missões enviadas a Marte, a Mars Observer, em 1992, e a Mars 96, no ano passado, foram dois grandes fiascos do programa de exploração espacial. A Mars Observer perdeu contato com a Terra ao se aproximar do seu destino. A Mars 96 sequer venceu a gravidade terrestre, espatifando-se logo após o lançamento.

Na Internet, quase ao vivo

Com um atraso de quase duas horas –ou mais, quando os problemas com a transmissão de dados do Sojourner apareceram– os usuários da Internet puderam acompanhar, no mundo todo, algumas da imagens enviadas pela sonda e pelo robô. Para isso, a Agência Espacial Norte-americana colocou cópias do site da missão em vários centros de computação (uma lista completa pode ser encontrada em http://www.jpl.nasa.gov/mpfmir).
Os ‘panoramas’, feitos com “mosaicos”, como a NASA chama as montagens com dezenas de imagens, mostram uma paisagem poeirenta, que não se diferencia muito –para um olho destreinado– da paisagem do sertão Pernambucano, no Brasil, a não ser pelo aspecto avermelhado da atmosfera do planeta.

Quando a pesquisa feita pelo Sojourner começou, alguns problemas surgiram. A primeira questão resolvida rapidamente pelos técnicos foi a descida do rover da estação: os airbags não desinflaram completamente e estavam impedindo sua saída. Foi necessário reprogramar o veículo para que ele saísse em marcha a ré. Os ‘resets’, ou desligamentos que ocorreram com freqüência, aparentemente por um erro de software, também atrasaram ao trabalho da NASA, e só puderam ser amenizados quando o comando da missão resolveu desativar uma função bastante conhecida dos usuários terrestres de sistemas como o Windows 95 e do OS/2: a multitarefa. O problema ocorria principalmente quando o robô processava muitas informações ao mesmo tempo.
Apesar dos problemas, em termos de capacidade de processamento, essa é a mais avançada missão não tripulada já planejada pelo homem. A Estação utiliza um processador de R6000, como o utilizado por computadores IBM, mas com blindagem especial para resistir ao frio e à radiação na superfície marciana. Apesar disso, por uma questão de consumo de energia– já que a estação não pode ser ligada a uma tomada – sua velocidade de processamento (clock) foi reduzida a 20 MHz, adaptando-se às condições de mínimo consumo com máxima potência.

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Água no passado
O aspecto de algumas rochas marcianas intrigou os cientistas do Jet Propulsion Lab, de Pasadena, (Califórnia) que já começaram a procurar respostas para as imagens geradas pela missão. São formatos planos e pedras angulosas e com aspecto poroso que, segundo os técnicos, fazem supor a existência de água em abundância num passado remoto ou então intensa atividade vulcânica.

A maioria das pedras ao redor da Estação Carl Sagan recebeu nome de personagens de desenhos animados, como Casper, Yogi Bear, Barnacle Bill. Análises preliminares feitas a partir das imagens da Barnacle Bill, primeira rocha analisada –ainda sem ajuda do Espectômetro de Raios-X Alpha Próton (APXS) – indicam uma composição relativamente homogênea. Com análises mais sofisticadas, os cientistas esperam saber se ela foi formada por sedimentação, o que pode ajudar na conclusão da existência ou não de água na superfície marciana no passado.
Já na rocha Yogi Bear (personagem dos desenhos chamado no Brasil de Zé Colmeia), os exames do APXS indicaram presença de quartzo e composição basáltica.

O rosto de Marte

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A expectativa de se chegar a uma conclusão sobre a origem da formação rochosa de que assemelha a um rosto humano, observada na região que recebeu o nome de Cydonia, quando da visita da sonda Viking, ainda vai ter que esperar a chegada ao planeta da missão Mars Global Surveyor, lançada no dia 7 de novembro. Isso deverá ocorrer em 11 de setembro. O orbitador da Mars Surveyor vai mapear a superfície do planeta para, junto com os dados da Mars Pathfinder, ajudar no planejamento das futuras missões a Marte. A Agência Espacial Norte-americana prevê pelo menos outras dez missões não tripuladas ao planeta vermelho. O ponto culminante será uma nave capaz não somente de recolher rochas de Marte como traze-las de volta à Terra e a um custo muito mais baixo do que uma simples viagem da Apollo à Lua. Tudo isso vai abrir caminho até o envio do primeiro homem à sua superfície do planeta, inicialmente previsto para 2012.

Segundo a NASA informou, Cydonia é uma das regiões a ser pesquisada pela Mars Surveyor, até por causa da cobrança dos contribuintes, que estão pagando a missão e querem respostas ao enigma. Existe a hipótese, lançada pelo pesquisador Richard C. Hoagland, dessas formações serem obra arquitetônica de uma antiga civilização extraterrestre. No o livro “The Monuments of Mars: A City in the Edge of Forever”, em que ele faz um estudo sobre os “monumentos” encontrados na região de Cydonia, em Marte, incluindo o “Rosto”, para o qual a NASA trabalha com a hipótese de uma coincidência na imagem, formada pelas condições de luz e sombra. Hoagland também afirma existirem ruínas na superfície lunar, mas diz que esses fatos são acobertados pela NASA.

Na tentativa de polemizar a questão, já começaram a surgir na Internet imagens atribuídas à missão Pathfinder que mostrariam estruturas como ‘iglus’ metálicos em Marte. Segundo os divulgadores das imagens, elas são fotos cuja existência estaria sendo mantida em segredo pela NASA. Algumas delas podem ser encontradas em http://www.webflier.com/backline/. O administrador do site não explica como as fotos chegaram, mas tem sua versão para essa viagem a marte: acha que a NASA quer esconder da população que o homem já pousou em Marte, em missões secretas, com a cooperação de extraterrestres. Em outro site, de FTP (ftp.anolalous-images.com/pub/anomalou/), pode ser feito o download do vídeo “Mars62.rm”, formatado para o software RealPlayer, que segundo o comentário na Internet seria cópia do original feito quando do pouso do primeiro homem no planeta vermelho, em 1962. Os especialistas afirmam, no entanto, que tratam-se de montagens apenas razoavelmente produzidas.

Como é o Planeta Vermelho:
Diâmetro: 6.794 km (53% do da Terra)
Massa: 6,419 x 10²³ (11% da da Terra)
Duração do dia: 24 horas e 37 minutos
Ano: 687 dias
Atmosfera: 95,3% de Dióxido de Carbono, 2,7% de Nitrogênio e 1,6% de Argônio. Pressão equivalente a 0,01 da pressão atmosférica da Terra, com variação de 15% ao ano.
Temperatura média: -55,15º Célsius.
Gravidade: cerca de 1/3 da gravidade terrestre

Redação Vigília

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