Mega-fórum em Brasília exige reconhecimento oficial da Ufologia
O templo ecumênico em forma de pirâmide da Legião da Boa Vontade, em Brasília, não poderia ter sido melhor escolha para representar o sincretismo do maior evento mundial de Ufologia já realizado. De 7 a 14 de dezembro, cerca de 70 palestrantes, entre brasileiros e ufólogos das 25 nações representadas, expuseram seus trabalhos, ensaios e estudos para um público “flutuante” –como definiu a organização do evento– de aproximadamente 700 pessoas, 800 a menos que o número de espectadores esperado.
Praticamente todos os grandes nomes da Ufologia mundial estiveram presentes, numa mistura nunca antes vista de tendências e teorias. De científicos a místicos e esotéricos, todos tiveram vez, ainda que, em muitos casos, apenas em dois pontos todas as correntes de pensamento concordassem: a existência dos discos voadores –ainda que vinculados a origens diversas– e a crescente manifestação do fenômeno UFO, ou OVNI, em todo o mundo. Diante disso, ao final foi produzida uma carta encaminhada a autoridades presentes solicitando que o governo brasileiro reconheça a existência de Ovnis, a exemplo do que fez o Chile, e abra seus arquivos sobre o tema ao público.
Uma verdadeira vitrine da Ufologia, o Fórum de Brasília contou com feira mística, exposições fotográficas, ‘workshops’, venda de livros, revistas, fitas de vídeo, boletins, camisetas e tudo que se relaciona com o tema. Na maratona de palestras, que chegaram a ocupar um intervalo de mais de 10 horas num mesmo dia, os mais recentes trabalhos de pesquisa, casos e evidências da presença de Ovnis nos céus do planeta foram apresentados.
As estrelas do show
Até mesmo o cosmonauta russo Alexandr Balandine, que permaneceu um longo tempo na estação espacial na Mir, participou e falou sobre avistamentos de UFOs no espaço –incluindo sua própria experiência. Ele também abordou a posição dos cosmonautas e o silêncio que lhes é imposto pelas agências espaciais. E por falar em silêncio, G. Cope Schellhorn, um palestrante dos Estados Unidos gerou preocupação ao mostrar quantos ufólogos morreram em circunstâncias suspeitas entre 1983 e 1988, principalmente nos EUA e na Europa. No mesmo dia, outra palestra aguardada com ansiedade pelos presentes foi a do Coronel Wendelle Stevens, veterano da Ufologia, que apresentou 180 slides de fotos, muitas delas inéditas, nunca antes reveladas, que mostraram desde as já ‘batidas’ luzes no céu a naves “se materializando” na frente do fotógrafo.
Vários alegados contactados –pessoas que teriam tido contatos com extraterrestres– elevados ao status de estudiosos do tema UFO, também foram destaque no Fórum. Elias Seixas e Geraldo Bichara, brasileiros conhecidos por suas suposta experiências de abdução, Haroldo Westendorff, piloto comercial que contou seu avistamento na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul quando ficou a 30 metros de um UFO de 100 metros de diâmetro e 70 metros de altura em pleno vôo foram apenas alguns dos destaques.
Entre todos os supostos contactados a estrela foi sem dúvida o italiano Giorgio Bongiovanni. Aos 34 anos, esse ex-vendedor de calçados é uma figura polêmica, com ferimentos na testa, mãos, pés e peito desde 1989, quando teria recebido a visita da Virgem Maria em Fátima, Portugal, de quem diz ser mensageiro. Ele, ou melhor, suas chagas, que imitam as de Jesus Cristo, foram as imagens preferidas de fotógrafos e cinegrafistas de vários veículos de comunicação. Alguns chegaram até a suspeitar serem ferimentos falsos, mas ninguém se arriscou a tentar por as estranhas marcas à prova.
De Roswell a Varginha
As ocorrências mais famosas da Ufologia mundial foram discutidas e reavaliadas muitas vezes no Fórum. O destaque ficou por conta do Caso Roswell (uma nave supostamente acidentada em Roswell, no Novo México, em 1947), que foi tema das palestras de Stanton Friedman, Michael Hesemann, Maurizio Baiata, Jesse Marcel Jr. (filho do militar americano que teria participado da operação de captura da nave). Na palestra de Jesse Jr., que chegou a declarar à revista Veja que “a maioria das historias de ovnis é fantasia de lunáticos”, o ufólogo brasileiro Claudeir Covo aproveitou para fazer um paralelo com o incidente semelhante que teria ocorrido na cidade mineira de Varginha, Minas Gerais, em janeiro de 1996.
Um dos palestrantes nacionais, o pesquisador Pedro Paulo Cunha Filho, do Distrito Federal, abordou a importância crescente da Internet na integração de ufólogos e no suporte à pesquisa ufológica. A Revista Vigília foi um dos veículos na rede mundial de computadores citados pelo ufólogo brasileiro.
Outra exposição muito aguardada foi a palestra de Derrel Sims, que especializou-se na pesquisa de supostos implantes alienígenas em contactados. Ao Fórum de Brasília ele levou um verdadeiro ‘mostruário’ com cerca de 50 peças metálicas minúsculas que estão sendo estudadas. Mesmo sob estudos, e sem nenhuma conclusão definitiva, o material vai com Derrel para todos os eventos dos quais participa.
Polêmica nas assinaturas da “Carta de Brasília”
Ao final do Fórum de Brasília, foi redigida a “Carta de Brasília”, um documento (confira o texto na íntegra) onde os ufólogos dão como certa a existência de discos voadores, sua origem extraterrestre, bem como sua atividade no planeta Terra desde os primórdios da humanidade. Nesta carta, os participantes do fórum afirmam ter conhecimento dos programas secretos do governo brasileiro de pesquisa de Objetos Voadores Não Identificados e solicitam a abertura ao público dos arquivos oficiais brasileiros sobre o tema.
O documento foi entregue em mãos ao parlamentar José Roberto Arruda, líder no governo no senado e dois representantes da aeronáutica, o comandante do 6º COMAR (Comando Aéreo Regional), Zilmar Antunes de Freitas, e Weber Luiz Kümmel, o comandante da base aérea de Brasília, para encaminhamento ao Presidente da República e ao Ministro da Aeronáutica
de Brasília. Todos receberam a Carta de Brasília, documento assinado pela maioria dos ufólogos presentes. O comandante da base aérea, ao receber a “Carta de Brasília”, fez um discurso rápido, sem admitir a existência de UFOs mas citando a já desgastada frase de Shakespeare: “há mais mistérios entre o céu e a terra do que suspeita nossa vã filosofia”.
Uma confusão com os participantes do Congresso que não ratificaram a Carta de Brasília acabou chegando à Internet. Na versão divulgada inicialmente, constavam os nomes de Stanton Friedman (Canada), Mark Carlotto, Donald Ware, Peter Davenport (EUA), Alejandro Agostinelli (Argentina) e Per Andersen (Dinamarca), que por discordância ou outros impedimentos pessoais não haviam assinado o documento. Em nota veiculada através de listas de discussão no Brasil e no exterior, a Comissão Organizadora esclareceu que houve um equivoco no momento da digitalização do texto final.
A íntegra da “Carta de Brasília”
A seguir, reproduzimos na íntegra o texto da “Carta de Brasília”:
Brasília (DF), Brasil, 14 de dezembro de 1997
CARTA DE BRASÍLIA
Os ufólogos brasileiros e estrangeiros, de 19 nações, de todos os continentes, reunidos no Primeiro Fórum Mundial de Ufologia, no período de 07 a 14 de dezembro de 1997, no Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, Parlamundi da LBV, em Brasília, Brasil, vêm à presença do Ministro da Aeronáutica Brasileira apresentar os seguintes fatos:
1 – Que é de conhecimento geral que o Fenômeno UFO, representado pelas constantes visitas de veículos espaciais ao nosso Planeta Terra, é genuíno e assim tem sido confirmado independentemente por ufólogos civis e autoridades militares de todo o mundo, nos últimos 50 anos.
2 – Que tal fenômeno já teve sua origem plenamente identificada como sendo extraterrestre e que os veículos que nos visitam tão insistentemente provêm de civilizações tecnologicamente mais avançadas que a nossa, mas que coexistem conosco no Universo.
3 – Que tais civilizações encontram-se num processo contínuo de aproximação da Terra e de nossa civilização planetária. Igualmente, essas civilizações, em suas manobras, na maioria absoluta das vezes, não demonstram hostilidade para conosco.
4 – Que as visitas de tais civilizações extraterrestres à Terra têm aumentado, gradativamente, nos últimos anos, segundo comprovam as estatísticas nacionais e internacionais, tanto em quantidade quanto em profundidade e intensidade.
5 – Que é urgente que se estabeleça um programa oficial de conhecimento, pesquisa e respectiva divulgação pública do assunto, de forma a esclarecer a população brasileira a respeito da inegável e cada vez mais crescente presença extraterrestre na Terra.
Assim, considerando atitudes assumidas em vários momentos da História, por países que já reconheceram a extensão do problema, como por exemplo o Chile, há algumas semanas, respeitosamente recomendamos que o Ministério da Aeronáutica da República Federativa do Brasil, ou algum de seus organismos, a partir deste instante, formule uma política apropriada para se discutir o assunto, nos ambientes, formatos e níveis considerados necessários.
A comunidade ufológica brasileira, neste ato representada pelos estudiosos nacionais abaixo assinados, com total apoio da comunidade ufológica mundial, também signatária deste documento, deseja oferecer voluntariamente seus conhecimentos, seus esforços e sua dedicação para que tal procedimento venha a tornar-se realidade e que tenhamos o reconhecimento imediato do Fenômeno UFO.
Como marco inicial deste processo, que simbolize uma ação positiva por parte de nossas autoridades, a comunidade ufológica brasileira respeitosamente solicita que o referido Ministério abra seus arquivos referentes a pelo menos dois episódios específicos e marcantes de nossa pesquisa ufológica:
(a) a Operação Prato, conduzida pelo Primeiro Comando Aéreo Regional (Comar), de Belém (PA), entre setembro e dezembro de 1977, que resultou em volumoso compêndio que documentou com mais de 500 fotografias e inúmeros filmes a movimentação de UFOs sobre a Região Amazônica, da forma como foi confirmado pelo coronel Uyrangê Bolívar Soares de Hollanda Lima; e
(b) a maciça casuística ufológica ocorrida em maio de 1986, sobre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, entre outros, em que mais de 20 objetos voadores não identificados foram observados, radarizados e perseguidos por caças a jato de nossa valorosa Força Aérea, segundo afirmou o próprio ministro da Aeronáutica à época, brigadeiro Octávio Moreira Lima.
Absolutamente conscientes de que nossas autoridades civis e militares jamais se descuidaram da situação, que tem sido monitorada com maior ou menor grau de interação ao longo das últimas décadas, sempre no interesse da segurança nacional, julgamos que a tomada da providência acima referida solidificará o início de uma próspera e proveitosa parceria.
Atenciosamente,
Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU)
Ademar José Gevaerd
Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV)
Claudeir Covo
Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA)
Marco Antonio Petit
Associação Fluminense de Estudos Ufológicos (AFEU)
Rafael Cury
Núcleo de Pesquisas Ufológicas (NPU)
Reginaldo de Athayde
Centro de Pesquisas Ufológicas (CPU)
Ubirajara Franco Rodrigues
Instituto Ubirajara Rodrigues S/C (IUR)
Comunidade Ufológica Brasileira
Ademar Eugênio de Mello (SP)
Ana Maria dos Santos (BA)
Antonio Faleiro(MG)
Basílio Baranoff (SP)
César Pereira Vanucci (MG)
Chica Granchi (RJ)
Cláudio Pamplona(CE)
Edwaldo Gomes Silva Jr. (SP)
Elias Seixas (RJ)
Emanuel Paranhos (BA)
Eustáquio Andréa Patounas (SC)
Geraldo Simão Bichara (MG)
Haroldo Westendorff (RS)
Hernán Mostajo (RS)
Irene Granchi(RJ)
José Luiz L. Martins (PA)
Luciano Stancka e Silva (SP)
Manoel Gilson Mitoso (AM)
Oscar Alberto Romero (BA)
Pedro Paulo Cunha Filho (DF)
Ricardo Varela Corrêa (SP)
Roberto Affonso Beck (DF)
Romio Cury (PR)
Wilson G. de Oliveira (DF)
Comunidade Ufológica Internacional
Alexandr Balandine (Rússia)
Barry Chamish (Israel)
Boris Chourinov (Rússia)
Budd Hopkins (Estados Unidos)
Colin Andrews (Inglaterra)
David Jacobs (Estados Unidos)
Derrel Sims (Estados Unidos)
G.C. Shellhorn (Estados Unidos)
Gábor Tarcali (Hungria)
Gildas Bourdais (França)
Giorgio Bongiovanni (Itália)
Glennys Mackay (Austrália)
Graham Birdsall (Inglaterra)
Jaime Maussan (México)
James Courant (Estados Unidos)
James Hurtak (Estados Unidos)
Jesse Marcel Junior (Estados Unidos)
Leonard Sprinkle (Estados Unidos)
Mário Dussuel Jurado (Chile)
Maurizio Baiata (Itália)
Michael Hesemann (Alemanha)
Michael Lindemann (Estados Unidos)
Pablo Villarrubia Mauso (Espanha)
Roberto Pinotti (Itália)
Rodrigo Fuenzalida (Chile)
Sun-Shi Li (China)
Timo Koskeniemmi (Finlândia)
Wendelle Stevens (Estados Unidos)
Yvonne Smith (Estados Unidos)