NASA recrutou 24 teólogos para preparar notícia da descoberta de vida alienígena?
A história de que a NASA teria contratado um grupo de 24 teólogos para “preparar” a notícia da descoberta de vida extraterrestre ganhou repercussão na Internet nos últimos dias graças a uma matéria do site Daily Mail. Embora seja baseada num estudo legítimo conduzido pelo Centro de Investigação Teológica (Center for Theological Inquiry – CTI), da Universidade de Princeton, a matéria que deu origem à polêmica atual carregou nas tintas e provavelmente está levando a algumas interpretações no mínimo exageradas.
A primeira delas é quanto ao tempo do estudo, ou, digamos, o “timing” na divulgação. Não é algo exatamente novo, mas sua divulgação pareceu escolher o melhor momento. Isso porque refere-se a um estudo que vem sendo desenvolvido desde 2016.
A data distante mostra que já faz algum tempo que os cientistas vêm procurando entender quais seriam os impactos sociais de uma notícia tão importante quanto a descoberta de vida extraterrestre. Mas essa busca não tem a ver necessariamente com a iminência de a informação ser divulgada ao público na atualidade.
Obviamente que, ao relacionar o estudo de Princeton aos atuais avanços da busca por indícios de vida na exploração de Marte e ao recente lançamento do super telescópio espacial James Webb, naturalmente a reportagem causou essa sensação de urgência.
Outra questão é a relação entre o estudo e a agência espacial norte-americana. A NASA não exatamente “recrutou” os “teólogos”. A agência fez uma doação ao Centro de Investigação Teológica em 2014, dois anos antes do início do tal estudo. O montante doado foi expressivo — 1,1 milhão de dólares — e isso de alguma forma, eventualmente, pode ter influenciado no tema da pesquisa em si, iniciada dois anos depois. Mas é uma correlação indireta, até onde foi divulgado.
Faz parte do objetivo contínuo da NASA apoiar o trabalho sobre “as implicações sociais da astrobiologia”, trabalhando com várias organizações parceiras, incluindo o Centro de Investigação Teológica de Princeton, conforme esclarece a própria matéria do Daily Mail. “A NASA está olhando para os céus em busca de ajuda para avaliar como os humanos reagirão se vida alienígena for encontrada em outros planetas e como a descoberta pode impactar nossas ideias sobre deuses e criação”, ressalta o texto.
Trata-se mais de entender a música do que conduzir a dança…
Por fim, é importante esclarecer o formato e os objetivos do estudo. A pesquisa conduzida pelo Centro de Investigação Teológica de Princeton não buscou exatamente uma consultoria de teólogos proeminentes para planejar a liberação iminente da notícia da descoberta de vida extraterrestre de alguma forma retida nos corredores da agência, como dá a entender a maioria dos posts e matérias que circularam a respeito desse estudo.
O programa teve início em 2016 e teve como objetivo mais amplo entender o ponto de vista religioso para questões científicas que nos intrigam desde o início, como o que é a vida? O que significa estar vivo? Onde traçamos a linha entre o humano e o alienígena? Quais são as possibilidades de vida senciente em outros lugares?
Neste sentido, o trabalho do próprio CTI é descrito como a construção de “pontes de compreensão, reunindo teólogos, cientistas, acadêmicos e formuladores de políticas para pensar juntos — e informar o pensamento público — sobre questões globais”.
O que os pesquisadores de Princeton fizeram foi ouvir os teólogos de diversas correntes para tentar entender como eles e suas diferentes religiões reagiriam; o que pensariam a respeito dessa notícia. Claro, tudo isso como parte de um exercício de extrapolação buscando compreender como os humanos em geral, especialmente as pessoas religiosas, lidariam com a descoberta. Afinal, essa busca está nos objetivos das ciências espaciais desde sempre.
De forma geral, o programa desenvolvido pelo CTI identificou que a ideia da existência de vida em outros planetas, seja ela microbiana ou senciente, não é incompatível nem causaria grandes sobressaltos na relação da humanidade com o divino.
O estudo já havia sido abordado por outras matérias em veículos de destaque na grande imprensa, como o The Times, em 22 de dezembro e o Washington Post, em 19 de agosto de 2021.
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Eu acredito piamente que Deus pode ter outros seres em outros planetas que são tão importantes quanto os humanos são para ele. Certamente o Universo com seu trilhões de Sois e planetas deve haver algum outro que tenha condições de haver vida, inclusive inteligente. Isso só vem provar a grandeza do Criador que é muito maior do quE acreditamos.