O que há por trás das buscas do Vaticano por seres extraterrestres?

O que há por trás das buscas do Vaticano por seres extraterrestres?
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O que há por trás das buscas do Vaticano por seres extraterrestres? Não é segredo para ninguém que por séculos a Igreja Católica refutou a ideia da existência de vida fora da Terra. Esse foi, inclusive, um dos motivos para a condenação de Giordano Bruno à fogueira em 1600.

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Considerado um herege por dizer que cada estrela no céu era um sol como o nosso, com planetas girando ao seu redor – e possíveis habitantes – o filósofo foi encarcerado nos porões da Igreja, torturado e queimado em praça pública para servir de exemplo.

Mas o tempo passou e pouco mais de 400 anos depois a realidade é outra. Tão outra que o Vaticano hoje tem seu próprio observatório, já demonstrou ser capaz de reconhecer a existência de vida fora da Terra e até promoveu seminários sobre o tema, como os realizados em 2009 e 2014.

O Vaticano e os seres extraterrestres

A mudança de postura parece ser um alinhamento do Vaticano com o que pensam os fiéis da igreja.

Em pesquisa realizada em 2010 com 23 mil pessoas em 22 países pela Reuters/Ipsos, e que serviu de base para a produção do livro “Religions and Extraterrestrial Life”, o astrônomo David Weintraub observou que 32% dos cristãos lidavam bem com a ideia da existência de alienígenas.

“Para algumas grandes religiões, o próprio conceito de vida extraterrestre está embutido em suas histórias e/ou escrituras; para outras, ideias sobre vida extraterrestre são claramente irrelevantes para seus sistemas de crenças”, escreveu Weintraub em seu livro.

Segundo o autor, cristãos já debatem as implicações teológicas de outros mundos habitados há pelo menos um milênio.

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Para os católicos então a vida fora da Terra seria uma questão simples. As maiores resistências à questão estariam justamente entre evangélicos e fundamentalistas, que se apoiam em leituras mais literais do texto bíblico.

Um observatório para o Vaticano

Em 1572, pouco antes do assassinato de Giordano Bruno em praça pública, a Santa Igreja construiu na Torre dos Ventos, no Palácio do Vaticano, um observatório astronômico.

A determinação para a construção foi do Papa Gregório XXIII e o objetivo – à época – seria a reforma do calendário juliano, que apresentava erros.

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Após a inauguração do observatório a Igreja realmente reformou o calendário, dividindo o ano em 365 dias e 12 meses e introduzindo os anos bissextos.

Mas – para além de tudo isso – Gregório queria, com o novo equipamento, mostrar que a Igreja Católica Romana “não se opunha à verdadeira e sólida ciência”.

Então o que temia a igreja quando condenou Giordano Bruno à fogueira e refutou as ideias de Galileu Galilei?

Difícil saber.

O fato é que hoje é possível ler no site oficial do Observatório do Vaticano que “os cientistas (…) estudam uma variedade de ciências relacionadas, como gravidade quântica; meteoritos e rochas lunares; e possível vida em planetas orbitando outras estrelas”.

O encontro com um extraterrestre

Uma das histórias mais emblemáticas – e não oficiais – envolvendo extraterrestres e a igreja católica aconteceu justamente com um de seus Papas.

Em 1961 João XXIII – conhecido como o Papa Bom – teria tido contato com um “um homem que tinha chegado do céu em uma espécie de nave voadora”. A história teria sido relatada por Loris Capovilla, o secretário pessoal e assistente de João XXIII.

De acordo com sites – tanto do Brasil quando do exterior – Capovilla teria contado que em 1961 ele e o Papa João XXIII caminhavam no jardim do Castel Gandolfo, uma casa de verão papal, quando observaram uma nave muito luminosa sobrevoando suas cabeças.

A nave tinha formato oval e emitia uma luz na cor azul. Após alguns minutos sobrevoando os religiosos a nave aterrissou e de dentro do objeto saiu “um estranho ser”. Segundo o secretário, o homem parecia um humano comum, embora tivesse as orelhas um pouco mais alongadas.

Seu corpo era rodeado por uma luz dourada e, ao vê-lo, as testemunhas se ajoelharam, pois tinham certeza que não era desse mundo.

Após uma rápida oração o sumo pontífice teria se levantado e caminhado ao lado do homem. Capovilla diz que os dois permaneceram lado a lado, conversando, por 20 minutos. Eles gesticulavam, mas a conversa não era ouvida.

Após a conversa o homem teria entrado em sua nave e partido. Então o Papa teria confidenciado ao secretário que os filhos de Deus estão em todas as partes, embora algumas vezes não fossem reconhecidos.

O reconhecimento oficial da Igreja

A história nunca foi confirmada por Capovilla. E se foi o contato imediato de quarto grau vivido por João XXIII que  mudou definitivamente a maneira como a Igreja se relaciona com a ideia de seres de outros planetas é difícil afirmar.

O fato é que uma chave parece ter virado dentro da Igreja Católica em algum momento a partir dos anos 2000.

Isso porque, quase 50 anos depois do suposto encontro do Papa com o alienígena, em 2008, a igreja reconheceu oficialmente a possibilidade da existência de extraterrestres.

Em entrevista ao jornal L’Osservatore Romano, órgão oficial de imprensa da Santa Sé, o diretor do observatório astronômico do Vaticano, padre José Gabriel Funes, afirmou que Deus pode ter criado seres inteligentes em outros planetas do mesmo jeito como criou o universo e os homens.

Poderia haver, segundo ele, seres até mais evoluídos em outros planetas, ainda que não haja provas da existência, e que assumir isso não seria uma contradição à fé, visto que não seria possível colocar limites à liberdade criadora de Deus.

Esse importante passo desencadeou outros, como os seminários que buscavam discutir a possibilidade de vida alienígena, promovidos pela própria Igreja.

O fim de uma era?

Além daquele de 2009, em 2014 a igreja católica organizou um novo seminário sobre a busca por vida fora da Terra, mas no ano seguinte uma polêmica pode ter prejudicado décadas de avanço: estariam os religiosos atrás dos alienígenas para evangelizá-los?

O vice-diretor do observatório do Vaticano, padre Paul Gabor, correu refutar a hipótese:

“Nós estamos realmente fazendo ciência, não estamos atrás de alienígenas para evangelizá-los”, desmentiu.

Á época o observatório do Vaticano empregava 10 padres-astrofísicos e, para eles, a pesquisa no observatório representava uma forma de “se conectar com o criador”.

Mas a polêmica parece ter jogado um balde de água fria nos trabalhos e curiosamente após o incidente as notícias sobre as buscas da Igreja aos extraterrestres deixaram de ser notícia na imprensa.

Até mesmo o padre José Gabriel Funes, que havia reconhecido a vida fora da Terra, voltou atrás e disse que pode não ser bem assim.

Uma Igreja em todos os países

Independentemente da mudança de postura da Igreja sobre a vida fora da Terra ou como ela trate da questão, uma coisa é certa: se há uma instituição no Planeta Terra que pode ter provas da existência de extraterrestres é a Santa Igreja.

Mais do que a NASA, mais do que o FBI, CIA, ONU ou qualquer outra organização, a Igreja Católica Apostólica Romana está presente em absolutamente todos os países do planeta.

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E, gozando de respeitabilidade e reverência por parte das populações, fica fácil ter acesso a relatos de todo tipo de avistamento extraterrestre e até de fragmentos de óvnis.

Mas essa é aquele tipo de ilação para a qual a gente provavelmente nunca terá respostas.

Não vindo da Igreja Católica Apostólica Romana.

Ou sim?

 

Fábio Dorneles

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