“Empresa multinacional contrata… ufólogo”: atividade vira ocupação oficial no Brasil

Você sabia que desde o início desse ano, 2024, a atividade de “Ufólogo” pode virar profissão oficial no Brasil? O marco inusitado é fruto do trabalho de uma entidade sem fins lucrativos denominada Academia Latino-Americana de Ufologia Científica (LAASU), que, criada por ufólogos brasileiros, manobrou silenciosamente pela burocracia de Estado e, no dia 6 de novembro de 2023, conseguiu a inclusão da categoria de ufólogo na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), gerenciada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A ironia? Apesar da entidade se propor científica, como aparentemente indica seu próprio nome, a ocupação de Ufólogo foi listada junto com esotéricos e afins, como cartomantes e leitores de oráculos. Mesmo que, conforme nota da LAASU, tudo tenha se desenvolvido a partir de um fórum, denominado “Fórum: Ufólogo Como Profissão”, que acabou resultando a seguir num Grupo de Trabalho, responsável pela coordenação das ações junto ao Ministério do Trabalho.
Segundo relata a LAASU, em seu site, “seguiu-se então, intenso trabalho de equipe por meio de diálogo com diversos ufólogos, oficinas, resultando no parecer positivo para Inclusão da Ocupação do Ufólogo na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações)”.
O trabalho incluiu passos através de protocolos digitais e até mesmo encontros em Brasília. Um destes encontros aconteceu diretamente com o Ministro do Trabalho, Luis Marinho, com a participação do Deputado Federal Nilto Tatto (PT-SP), que foi um dos apoiadores de primeira hora dos ufólogos envolvidos na empreitada.

Ufólogo como ocupação ainda não é profissão
Conforme esclareceu a LAASU em seu site, a classificação oficial dos ufólogos na CBO não implica na imediata transformação da ocupação em uma profissão. Para isso ainda será necessária a regulamentação por lei, que deve seguir um logo rito no Congresso Nacional. Entretanto, a etapa conclusa, segundo a entidade, “é muito importante e histórica”.
Com essa etapa concluída, quem consulta do site da Classificação Brasileira de Ocupações já encontra disponíveis informações sobre a nova ocupação. Mas um detalhe curioso chama a atenção: ela foi incluída na “família” 5168, destinada a “esotéricos e afins”.
A descrição sumária da ocupação estabelece que esses “profissionais”:
“Interpretam oráculos e/ou símbolos. Elegem momentos e locais precisos para determinados objetivos por meio de oráculos, de dons de paranormalidade ou de estudo de fenômenos ufológicos. Captam manifestações extrassensoriais. Obtém e tratam dados de ufologia. Pesquisam forças cósmicas, telúricas, bioenergéticas e/ou fenômenos ufológicos. Orientam pessoas, organizações e a sociedade”.

Agora imagine a cena: empresas podem contratar um “Consultor de Fenômenos Cósmicos” ou um “Especialista em Forças Telúricas”. Na entrevista de emprego, o RH provavelmente diria: “Estamos procurando alguém com experiência em captação de manifestações extrassensoriais. Tem experiência com OVNIs? Perfeito!”.
A descrição da CBO para ufólogos inclui atividades como “pesquisar forças cósmicas e fenômenos telúricos”. Isso significa que, além de investigarem avistamentos de discos voadores, os ufólogos também devem orientar pessoas e organizações baseando-se em suas pesquisas. Quem sabe, numa reunião corporativa, um ufólogo poderia sugerir a melhor data para o lançamento de um satélite sem bisbilhoteiros alienígenas?
É curioso que o resultado final do esforço de uma ONG autodenominada científica tenha resultado em uma classificação tão inusitada para a ocupação. Mas não deixa de ser uma iniciativa interessante, ainda mais considerando um mundo corporativo onde se busca cada vez mais inovação, o que abre um leque de possibilidades sérias para uma eventual futura profissão… mas provavelmente também muitas hilárias e absurdas. Quem sabe, num futuro próximo, o relatório financeiro daquela grande empresa de tecnologia espacial traga uma seção dedicada às “previsões ufológicas”…