Gliese 12b: o novo horizonte na busca por exoplanetas habitáveis

A descoberta de um novo exoplaneta, denominado Gliese 12b, tem atraído a atenção da comunidade científica e do público em geral. Localizado a apenas 40 anos-luz de distância, este planeta é notável por suas características que sugerem a possibilidade de ser habitável.
Gliese 12b orbita a estrela Gliese 12 na constelação de Peixes. Foi inicialmente detectado por astrônomos usando o Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS), um telescópio espacial da NASA. O planeta é ligeiramente menor que a Terra, com um tamanho comparável ao de Vênus. Com uma temperatura superficial estimada em 42°C, o planeta pode ser capaz de abrigar água líquida e potencialmente até vida.
O planeta completa uma órbita ao redor de sua estrela em apenas 12,8 dias. No entanto, como a estrela Gliese 12 é muito menor e mais fria que o nosso Sol, Gliese 12b, apesar de estar muito mais próximo de sua estrela, ainda está na zona habitável. Esta é a região em torno de uma estrela onde as condições podem ser adequadas para a existência de água líquida, um ingrediente vital para a vida como a conhecemos.
Os dados indicam que Gliese-12b recebe 1,6 vezes mais energia de sua estrela do que a Terra recebe do Sol, aproximadamente 85% da energia que Vênus recebe. Isso sugere que Gliese 12b poderia ter condições semelhantes às da Terra ou de Vênus.
Os pesquisadores planejam continuar monitorando Gliese 12b para determinar que tipo de atmosfera ele possui, se é que possui uma. Dependendo do que encontrarem, isso poderia nos ajudar a entender como os planetas rochosos em nosso próprio sistema solar mudaram ao longo do tempo.
Esta descoberta é um passo importante na busca contínua por planetas fora do nosso sistema solar que possam ser semelhantes à Terra. Cada novo exoplaneta encontrado nos oferece mais informações sobre como os planetas se formam e evoluem, e aumenta nossa compreensão do universo em que vivemos.

Entendendo como planetas mantêm atmosferas
A descoberta de Gliese 12b foi realizada por duas equipes internacionais de astrônomos. Masayuki Kuzuhara, professor assistente no Centro de Astrobiologia em Tóquio, e Akihiko Fukui, professor assistente na Universidade de Tóquio, lideraram uma das equipes de pesquisa responsáveis pela descoberta
Eles trabalharam em conjunto com outra equipe liderada por Shishir Dholakia, doutorando no Centro de Astrofísica da Universidade do Sul de Queensland, e Larissa Palethorpe, doutoranda na Universidade de Edimburgo e no University College London.
Em entrevista ao informativo científico ScienceAlert, Dholakia destacou que Gliese-12b “nos dará a resposta mais clara até agora para qualquer planeta potencialmente habitável sobre se poderia sustentar condições habitáveis”.
“Gliese-12b representa um dos melhores alvos para estudar se planetas do tamanho da Terra que orbitam estrelas frias podem reter as suas atmosferas, um passo crucial para avançar a nossa compreensão da habitabilidade em planetas em toda a nossa galáxia”, explicou o cientista.
Os resultados encontrados pelos pesquisadores foram publicados em artigos em duas das mais importantes publicações científicas da área no mesmo dia, o The Astrophysical Journal Letters e o Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Gliese 12b e os próximos passos da pesquisa
Embora o planeta possa parecer demasiado próximo de sua estrela, com um período orbital extremamente curto na comparação com o terrestre, a estrela de Gliese-12 é uma anã vermelha mais fria e mais tênue que o Sol. Por isso será essencial para os investigadores avaliar sua atmosfera e tentar compreender melhor as condições da sua superfície e determinar a sua real habitabilidade.
Esta análise provavelmente será realizada com novas observações, mas dessa vez a partir do Telescópio Espacial James Webb (JWST). O telescópio espacial não é capaz de fornecer imagens diretas de Gliese 12b, mas é o único instrumento da humanidade que pode detalhar a atmosfera do exoplaneta a partir de seus instrumentos de espectroscopia.