UAP Disclosure Act (UAPDA) nos EUA enfrenta prognósticos pessimistas

Nas últimas semanas, o debate sobre UAPs (Fenômenos Aéreos Não Identificados) nos EUA tem ganhado novos contornos com a proposta da UAP Disclosure Act (UAPDA, em tradução livre: Ato de Desacobertamento UAP) — , liderada pelos senadores Chuck Schumer e Mike Rounds. A emenda visa a criação de um comitê executivo para revisar e divulgar documentos sobre UAPs, usando como modelo o processo de liberação dos arquivos do assassinato de JFK. A proposta inclui também uma disposição polêmica de “domínio eminente”, que permitiria ao governo recolher materiais de UAPs sob controle privado.
Entretanto, a medida enfrenta forte resistência, liderada pelo representante Mike Turner, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, e apoiada por lobistas da indústria de defesa. Os críticos argumentam que a liberação desses documentos comprometeria a segurança nacional e poderia acarretar altos custos, exacerbando as tensões entre defensores da transparência e aqueles que advogam pela confidencialidade em assuntos de defesa.
O Congresso aguarda novos depoimentos de denunciantes esperados para as audiências até o final de setembro de 2024. O oceanógrafo e contra-almirante Tim Gallaudet é um dos que deve falar à Casa de Leis sob juramento. Aposentado da Marinha dos Estados Unidos, Gallaudet já confirmou que vai testemunhar sobre OSNIs – Objetos Submarinos Não Identificados com os quais teve experiências. Enquanto isso, um novo relatório anual do AARO (All-domain Anomaly Resolution Office) deve trazer à tona casos de UAPs investigados entre 2023 e 2024, diferenciando tecnologias militares avançadas de fenômenos ainda inexplicáveis.
De toda forma, os prognósticos são pessimistas e as análises recentes sugerem que a UAPDA pode enfrentar um caminho difícil para aprovação, devido à oposição significativa de setores influentes. A votação no Senado deve acontecer até o final de setembro. Analistas apontam que, mesmo que a legislação passe, ela provavelmente será modificada para mitigar preocupações de segurança nacional. Alguns especialistas acreditam que a pressão pública e o crescente interesse do Congresso em transparência podem eventualmente levar à aprovação de uma versão mais moderada da UAPDA.
Nos últimos dois anos, outras legislações relacionadas a UAPs foram aprovadas nos EUA, sinalizando uma mudança de paradigma no tratamento do tema. Em 2022, a Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA) incluiu disposições para a criação do AARO, responsável por investigar e analisar UAPs de maneira sistemática. Além disso, a Lei de Transparência de UAPs de 2023 exigiu que todas as agências federais compartilhassem informações sobre UAPs com o Congresso, aumentando a supervisão e a transparência. Essas legislações representam um avanço significativo em relação ao histórico de sigilo governamental sobre o assunto, refletindo uma nova era de abertura e investigação científica.
Teorias conspiratórias agora envolvem Dick Cheney
Paralelamente, teorias conspiratórias online começa a trazer para o centro do debate o ex-vice-presidente Dick Cheney como uma espécie de “guardião do acobertamento” de informações. Cheney, uma figura influente na política de defesa durante o governo Bush, é visto por alguns como possivelmente envolvido no ocultamento de dados sobre UAPs, especialmente em programas militares classificados, como o suposto “Programa Legado” – mencionado por Luis “Lue” Elizondo em seu livro “Imminent”. No livro, Elizondo, ex-diretor do AATIP (Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais), sugere que o “Programa Legado” era um esforço contínuo para estudar e analisar os UAPs com acesso irrestrito e posse de materiais e biologia exótica, distribuída a contratantes privados selecionados para engenharia reversa
Elizondo não traça essa linha, mas especulações recentes sobre boatos e bastidores de entrevistas de David Grusch indicariam que este pode ter mencionado Cheney como uma figura central, com conhecimento ou influência sobre essas operações secretas.
Embora não haja provas concretas ligando Cheney diretamente ao “Programa Legado”, o histórico de falta de transparência durante a administração Bush, em particular em questões militares e de segurança nacional, dá força a essas teorias. À medida que a pressão por mais revelações aumenta, o nome de Cheney pode voltar a ser destaque nas discussões, alimentando ainda mais o debate sobre o envolvimento de altos funcionários em um possível acobertamento de informações sobre UAPs.
Além disso, David Grusch, um ex-oficial de inteligência que se tornou um dos principais denunciantes sobre UAPs, teria mencionado em entrevistas que figuras históricas como Cheney poderiam ter desempenhado papéis significativos em programas secretos relacionados a UAPs. Grusch sugere que esses programas, incluindo o “Programa Legado”, tinham acesso a materiais físicos resgatados de UAPs, o que adiciona uma camada de mistério e intriga ao debate.
Essas teorias conspiratórias, embora não comprovadas, refletem a crescente desconfiança pública em relação ao governo e suas operações secretas. A pressão por transparência e a busca por respostas sobre os UAPs continuam a crescer, e figuras como Cheney permanecem no centro dessas discussões, simbolizando a luta entre a necessidade de segurança nacional e o direito do público à informação.