UFO Crônica: O (des)enterro
ESQUIFE
(es.qui.fe)
substantivo masculino:
1. Caixão de defunto
2. Ant. Náut. Pequena embarcação, a remo ou à vela, usada nos serviços de caravelas, galeões etc.
(Adaptado de Aulete Online: https://aulete.com.br/esquife)
A palavra acima, estranha, pouco usual, e, devido à sua origem lombarda (skif), nada sonora para nossos sofisticados ouvidos latinos, não foi embarreirada por esses adjetivos. Pelo contrário, nos últimos dias foi falada, dita, escrita e redita inúmeras vezes entre ufólogos e entusiastas.
Isso tudo porque o caro e já conhecido David Grusch ganhou, junto ao congresso americano, o direito de entrar em um ESQUIFE, ou propriamente SCIF.
Fique tranquilo, leitor, pois o prestigiado delator ovinológico não morreu e tão pouco será enterrado. Acontece que este termo também é utilizado para designar um certo tipo de instalação, impenetrável à tentativas de escutas, espionagem e roubos gerais de informações. Em outras palavras, trata-se de um local imperturbável.
Dentro deste esquife, nosso Davidzinho poderá revelar para outras pessoas os tão mirabolantes segredos de estado que ele vem anunciando. Congressistas ouvirão os detalhes de suas alegações e naturalmente poderão checá-las e confirmá-las ou não.
No entanto, neste momento, ainda não sabemos bem o rumo que essa história irá tomar, ou melhor dizendo, não sabemos qual dos dois significados a palavra esquife encerrará.
No primeiro caso, temos o simples e fatídico caixão. Aquele para o qual eventualmente empurram a ufologia e lançam pazadas e pazadas de terra sobre sua credibilidade. Ao redor do buraco, é possível ver os coveiros dos mais distintos tipos. Tem os delatores-deletérios com conspirações de coisa alguma. Há os Barões de Münchhausen com suas múmias e arraias desidratadas. E o mais curioso deles, o contatado-contratado tirando do bolso os Bilus, os Boo vídeos e outras engenhosas pedras tumulares. Felizmente nossa cara ufologia vem resistindo e se levantando desta nefasta cova.
Por isso, nem tudo está perdido. Caso o delator de nome quase alien, Grusch, traga informações verificáveis, é possível que tenhamos um esquife com um sentido muito mais amigável e esperançoso. Com dados suficientes, talvez em breve, a ufologia possa entrar em uma bela embarcação, com velas infladas e navegar para mares dantes inacessíveis. E quem sabe, apenas quem sabe, ser finalmente conhecida e aceita como a desbravadora deste novo mundo que pode estar prestes a ser desenterrado.