“Acidente”, o objeto misterioso de 10 bilhões de anos que avança pela Via Láctea

“Acidente”, o objeto misterioso de 10 bilhões de anos que avança pela Via Láctea.
Um objeto descoberto recentemente está deixando os cientistas desconcertados.
Batizado de “Acidente” (The Accident) por ter sido descoberto por acaso, o objeto de mais de 10 bilhões de anos – que não é nem bem uma estrela e nem bem um planeta – está avançando pela Via Láctea numa velocidade absurda.
A descoberta foi publicada no último dia 30 de junho na revista The Astrophysical Journal Letters.
“Acidente”, o objeto misterioso
Por seu brilho fraco os cientistas deduziram que não há fusão nuclear alimentando Acidente. Por isso, acreditaram se tratar de uma classe rara de objeto conhecida como anã marrom ou estrela falida.
Entretanto, o objeto não se comportava como uma anã marrom típica. Parecia fraco em alguns comprimentos de onda infravermelho, sugerindo que era uma anã marrom muito fria e velha, mas parecia brilhante em outros comprimentos de onda, indicando que era uma anã marrom jovem e quente.
De acordo com os astrônomos, o objeto é muito antigo e pode ter sido empurrado pela gravidade de objetos maiores por bilhões de anos, acelerando seu movimento.
Avança pela Via Láctea
Os cientistas dizem também que ele está se movendo rápido. Localizado a cerca de 50 anos-luz da Terra, Acidente avança pela nossa galáxia a cerca de 500.000 mph (800.000 km/h), o que é muito mais rápido do que uma anã marrom típica.
Os elementos da atmosfera de Acidente também são intrigantes. Com base nos comprimentos de onda da luz infravermelha emitida, os astrônomos descobriram que o objeto tem baixo teor de metano – um gás comum em anãs marrons com temperaturas semelhantes às de Acidente.
A hipótese é que o objeto foi formado inicialmente entre 10 a 13 bilhões de anos, quando a Via Láctea estava quase totalmente preenchida com hidrogênio e hélio, mas com pouco carbono.
Mais de 10 bilhões de anos
Tudo isso sugere que Acidente é uma anã marrom excepcionalmente velha e incrivelmente fria que se formou quando a galáxia era pobre em metano – tornando o objeto mais do que o dobro da idade média de todas as outras anãs marrons conhecidas.
“Não é uma surpresa encontrar uma anã marrom tão velha, mas é uma surpresa encontrar uma em nosso quintal”, disse o co-autor do estudo Federico Marocco, astrofísico do Caltech.
“Esperávamos que anãs marrons tão antigas existissem, mas também esperávamos que fossem incrivelmente raras. A chance de encontrar uma tão perto do sistema solar pode ser uma feliz coincidência, ou não”, conclui.
Imagem: IPAC / Caltech