Além dos EUA, Japão se prepara para “enfrentar” óvnis

A nova atitude dos Estados Unidos, de enfrentamento dos óvnis, parece ter contaminado também o Japão. O país do sol nascente já havia anunciado, em abril, que criaria uma nova política para lidar com encontros entre UFOs e suas forças militares. Recentemente, o Ministro da Defesa e das Forças de Autodefesa do Japão, Taro Kono, voltou a falar sobre o assunto em uma coletiva de imprensa.
O encontro com os jornalistas ocorreu no dia 8 de setembro e teve como um dos temas centrais a aliança com os Estados Unidos. Os jornalistas colocaram Kono numa situação difícil, primeiro quando abordaram a relação contraditória com o Irã – nação considerada inimiga dos EUA, mas parceira comercial importante do Japão. Depois questionando-o a respeito da política do Japão para os óvnis. A transcrição da entrevista original consta no próprio site do Ministério da Defesa japonês.
A pergunta sobre UFOs foi colocada no contexto da aliança entre os países porque o ministro teve uma conversa sobre o tema durante encontro com o Secretário de Defesa norte-americano, Mark Esper, em agosto desta ano. Isso pouco depois de o ministro Kono declarar que seu país criaria protocolos específicos para quando seus militares “enfrentarem” óvnis.
A primeira declaração de Kono veio poucos dias depois do Pentágono divulgar oficialmente vídeos de perseguição de UAPs (sigla em inglês para “Fenômenos Aéreos não Identificados”) por pilotos de caça da Marinha americana. De la para cá, com a pressão do Comitê de Inteligência do Senado norte-americano, através do seu presidente, o senador republicano Marco Rubio, a situação evoluiu culminando no anúncio da criação de uma força tarefa do Pentágono para investigar o tema.
Óvnis sendo considerados ameaça a enfrentar
Na coletiva de imprensa, o ministro Kono afirmou que em breve apresentará sua “politica para enfrentar” os objetos desconhecidos quando seus pilotos os encontrarem. “Logo discutiremos a política. Japão e EUA falaram a respeito disso durante a reunião com o Secretário Esper, em Guam“, reconheceu, finalizando que “Devemos nos abster de dar detalhes, mas continuaremos a trabalhar juntos”.
A atitude do ministro da defesa do Japão – sobretudo na escolha de palavras- indica um alinhamento claro com a tendência política que se instalou no EUA, de tratar qualquer objeto voador não identificado como uma ameaça potencial. Essa parece ser, aliás, a força motriz por trás da vigorosa iniciativa norte-americana de oficializar sua nova força tarefa e se dispor a alimentar o Congresso com relatórios regulares.
O posicionamento japonês chegou a ser mencionado no Twitter por Luis Elizondo, ex-chefe de um programa do Pentágono chamado AATIP, que oficialmente funcionou até 2012 e parecia ter a mesma finalidade da nova força-tarefa. Elizondo e sua nova organização, a To The Stars Academy (TTSA), presidida pelo músico Tom DeLonge (ex-Blink 182), têm parte da responsabilidade pela nova atitude dos EUA frente aos óvnis, ao ajudarem liberação dos vídeos de 2004 e 2015.
Se é realista ou não, o fato é que a pressão para semear o medo de um potencial ataque dos óvnis – sejam eles extraterrestres ou de nações inimigas – parece estar funcionando ao fazer os governos assumirem posições oficiais quanto ao fenômeno e sua realidade. No início desta semana, inclusive, mesmo sem divulgar ainda a tal “política de enfrentamento”, o ministro da defesa Taro Kono surpreendeu a imprensa novamente ao confirmar que recomendou aos pilotos militares do país tentarem filmar e fotografar óvnis quando os encontrarem durante missões.
Ao menos a orientação não foi para recebê-los com tiro, porrada e bomba, por enquanto.
A situação fica cada vez mais curiosa e preocupante. Vale lembrar que não faz muito tempo, o Japão deparou-se com um óvni que parecia trivial – tudo indicava ser meramente um balão meteorológico – mas as autoridades japonesas até hoje não foram capazes de oferecer ao público uma explicação.