Análise técnica desmascara suposto OVNI de Ushuaia que viralizou na Internet

Análise técnica desmascara suposto OVNI de Ushuaia que viralizou na Internet
Especialista brasileiro garante que OVNI de Ushuaia foi inserido digitalmente nas imagens (Crédito - reprodução OMG com fotos InfoFueguina)
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Um objeto voador não identificado (OVNI) supostamente fotografado por turistas durante um passeio de catamarã no Canal Beagle, em Ushuaia, Argentina, ganhou destaque na mídia internacional nas últimas semanas. As imagens, que mostram um objeto metálico de cor bronze flutuando sobre as águas do canal, foram inicialmente divulgadas com exclusividade pelo portal InfoFueguina e rapidamente se espalharam pelas redes sociais.

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De acordo com os relatos iniciais, o fenômeno teria sido registrado durante uma excursão turística para observação de pinguins. O mais intrigante é que nenhum dos passageiros do catamarã teria notado algo estranho durante o passeio. As fotografias só teriam revelado a presença do objeto metálico horas depois, quando um dos turistas revisou as imagens capturadas.

O objeto apresentava características que, à primeira vista, pareciam convincentes: “um objeto de cor amarronzada ou bronze” com “reflexo do sol que pega em um dos seus laterais”, segundo descrição da mídia local. Esta característica foi inicialmente apontada como possível “prova de que não se trata de imagens trucadas”.

No entanto, uma análise técnica minuciosa realizada pelo pesquisador brasileiro Jorge Uesu Jr., conhecido por suas investigações criteriosas de casos ufológicos, revelou inconsistências que comprovam a natureza fraudulenta das imagens. Uesu, que mantém o canal “OMG — Ovnis e Mistérios em Geral” em seu perfil no Instagram e no Youtube, apresentou sua análise detalhada em um vídeo bastante didático.

As inconsistências reveladas: os reflexos

“O óvni parece ter sido inserido nas paisagens”, afirma Jorge Uesu em sua análise.

“Com as imagens juntas, vemos que a imagem do objeto é idêntica. Parece que a imagem do óvni foi colada digitalmente ali e simplesmente rotacionada” esclarece no vídeo de explicação.

Uma das provas mais contundentes apresentadas pelo pesquisador foi um experimento simples com um pires: “Nesse experimento, inclinando um pires, vemos que a posição dos reflexos muda de lugar, o que não acontece nas fotos do óvni”.

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Num objeto tridimensional real, a mudança de posição do objeto obrigatoriamente mudaria a posição dos reflexos (Crédito: OMG/Jorge Uesu)
Num objeto tridimensional real, a mudança de posição do objeto obrigatoriamente mudaria a posição dos reflexos (Crédito: OMG/Jorge Uesu)

Utilizando o Google Earth, Uesu conseguiu localizar precisamente o posicionamento do barco em cada fotografia. “Esta foto foi feita apontando para a parte de trás do barco, mostrando a cidade de Ushuaia ao fundo. Para fazer a outra foto, a câmera estaria apontada para a lateral esquerda do barco. Seria um giro de quase 90 graus para capturar as duas fotos na sequência”.

Uma impossibilidade física: o tamanho

O elemento mais revelador da fraude, segundo Uesu, está na própria geometria das imagens: “Sobrepondo as fotos originais, vemos que objetos têm exatamente o mesmo tamanho. Para conseguir esse feito, o óvni teria de estar voando não só ao redor do barco que está navegando pelo canal, mas voando exatamente ao redor do autor da foto”.

O pesquisador também questiona um aspecto crucial da narrativa: “É preciso indagar que, em um convés cheio de turistas admirando a paisagem, ninguém mais tenha conseguido notar a presença daquele objeto”.

Até o momento, o site InfoFueguina, que publicou as imagens originalmente, não conseguiu fornecer acesso às fotos originais para análise independente, mesmo após solicitação da FAO (Fundação Argentina de Ovniologia), conforme revelado por Uesu em entrevista ao Portal Vigília: “Só eles tiveram acesso ao autor das fotos. Falei com o Luís Burgos (chefe da FAO), e estão tentando conseguir as originais”.

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Caso segue “interessante” para pesquisadores argentinos

Enquanto a análise relativamente de Uesu apontou imediatamente as inconsistências das imagens, o caso segue aparentemente sendo investigado pela Fundação Argentina de Ovniologia. Em entrevista publicada em 12 de fevereiro no mesmo InfoFueguina, Luis Burgos destacou que “A primeira coisa que tenho a dizer é que o caso continua interessante”. A principal razão para isso, segundo ele, é a resolução e qualidade das imagens.

Apesar da repercussão do caso, que chegou a ser noticiado em jornais de grande circulação na Argentina, um dos principais veículos de comunicação da Argentina, Uesu acredita que se tratou apenas de “uma brincadeira”. O pesquisador, que já desvendou outros casos famosos como o suposto OVNI de Campinas e a luz retangular “que saída do chão” no Acre, além de confirmar a falta de explicação convencional do caso da Mooca, demonstrou mais uma vez como análises técnicas podem revelar a verdade por trás de supostos registros extraordinários.

Objeto filmado no céu de São Paulo se desdobra em dois e vídeo ganha o mundo
Relembre o caso do OVNI que se transforma em dois objetos no bairro da Mooca, em São Paulo, Capital.

Casos como este nos lembram da importância do ceticismo saudável diante de registros extraordinários na Ufologia. Em uma era onde a manipulação digital de imagens se torna cada vez mais sofisticada e acessível, e onde conteúdos virais se propagam em velocidade vertiginosa pelas redes sociais, torna-se fundamental exercitar um olhar crítico e analítico sobre supostos registros ufológicos. Especialmente quando, como neste caso, apresentam inconsistências técnicas que podem ser identificadas através de uma investigação metódica e criteriosa.

Jeferson Martinho

Jornalista, o autor é empresário de comunicação, dono de agência de marketing digital e assessoria de imprensa, publisher de um portal de notícias regionais na Grande São Paulo, fundador e editor do Portal Vigília.

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