Anúncio de congressista Luna sobre OVNIs decepciona expectativas de “impacto”

A tão aguardada coletiva de imprensa da congressista da Flórida, Anna Paulina Luna, nesta terça-feira, dia 11 de fevereiro de 2025, trouxe à tona os temas que serão investigados por uma ‘nova’ Força Tarefa, no âmbito do Congresso norte-americano, mas frustrou as expectativas de um anúncio “impactante” sobre OVNIs. A coletiva abordou uma série de temas, incluindo os assassinatos de John F. Kennedy, Martin Luther King Jr., e os ataques de 11 de setembro, além do tema dos Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs), anteriormente referidos como OVNIs. Luna também mencionou investigações sobre as origens da Covid-19 e as ações de cidades santuário.

A Força Tarefa já teria iniciado comunicações com agências como o Departamento de Justiça e a CIA para acessar arquivos sigilosos, e a primeira audiência está prevista para março, com data a ser confirmada. Luna afirmou que o objetivo é “cortar a burocracia e desafiar o bloqueio de informações” , mas não apresentou dados concretos ou documentos inéditos, focando em processos administrativos.
A revelações foram marcadas por planos burocráticos e cronogramas vagos, sem o choque prometido. Além disso, durante o próprio anúncio Luna deixou claro que, como um grupo de trabalho subsidiário do Comitê de Supervisão, a força-tarefa não terá autoridade legal para convocar testemunhas ou exigir a apresentação de documentos em investigações. Nos EUA, apenas comitês formais têm essa prerrogativa. No entanto, a deputada, como membro do Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes, acredita que pode solicitar esse recurso para compelir testemunhos ou documentos, conforme necessário.
UAPs na pauta: entre promessas de transparência e a falta de novidades
Sobre os UAPs, Luna reiterou posições já conhecidas: “Com base em minhas investigações, acredito absolutamente que existem tecnologias avançadas que não são de origem humana” , citando o termo “interdimensionais”, usado pelo ex-oficial David Grusch. No entanto, a deputada não trouxe provas ou testemunhas novas, limitando-se a prometer que a Força Tarefa pressionará por acesso a registros classificados.
A frustração surge do contraste com o tom prévio: em posts nas redes sociais, Luna insinuou que o anúncio “abalaria a nação”, alimentando especulações sobre confirmação de vida extraterrestre ou divulgação de programas secretos. Na prática, o que se viu foi a confirmação de audiências futuras e parcerias institucionais, como a colaboração com o secretário de Estado Marco Rubio e a futura diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard.
Luna e a busca por transparência em UAPs
Luna é coautora da Lei de Transparência de UAPs, que exige a desclassificação de documentos em 270 dias, e participou de briefings sigilosos sobre o tema, incluindo um em janeiro de 2024, com David Grusch . Sua postura combina ceticismo científico — “precisamos analisar as evidências” — mas ao mesmo tempo expõe uma abertura a toda sorte de teorias não convencionais, como a hipótese interdimensional, hipóteses conspiracionistas sobre a COVID, entre outros temas.
Seu histórico recente revela que ela própria já sofreu com a frustração da falta de transparência: em novembro de 2024, criticou a audiência pública sobre UAPs por respostas evasivas de testemunhas, como Lue Elizondo, que se recusou a detalhar programas de engenharia reversa em sessão pública limitado, segundo ele, por termos de não-divulgação (NDAs) previamente assinados com o Departamento de Defesa.

Repercussão nas comunidades UAP: entre ceticismo e teorias
A despeito de algumas mensagens ufanistas de grupos isolados aparentemente tentando valorizar a iniciativa da deputada, nas redes sociais, em geral, o anúncio gerou debates acalorados com sentimentos de frustração. No Reddit (r/UFOs), usuários classificaram a coletiva como “mais do mesmo”. No X (Twitter), muitos perfis influentes destacaram a falta de “bombas” e questionaram se a Força Tarefa será apenas “um cachorro que late mas não morde”. Alguns internautas mais otimistas tomaram a exibição como uma confirmação velada de “não estamos sozinhos”, mas criticaram a ausência de prazos claros.
Enquanto Luna mantém a retórica de que “o governo trabalha para nós, não o contrário” , a comunidade UAP aguarda se as promessas de março trarão mais do que relatórios técnicos. Por ora, o anúncio “impactante” revelou-se apenas mais um roteiro de transparência — necessário, mas distante do sensacionalismo prévio. Como já escreveu Martha Medeiros, “excesso de expectativa é o caminho mais curto para a frustração”.