Após correção, inteligência artificial encontra possíveis sinais extraterrestres

Nos últimos meses, o uso da inteligência artificial vem abalando as estruturas do mundo cultural e midiático. Seu uso, seja ele para a criação de imagens e marcas, criação de texto e até a reprodução de vozes, casou uma rachadura no mundo da arte e também no mundo científico. Agora, tocando em outro aspecto bem delicado, o uso de IA parece ter alcançado outro nível quando à sua aplicabilidade: a busca por sinais extraterrestres.
Um grupo de cientistas utilizou um método de seleção baseado em aprendizado de máquina nos dados de um grande radiotelescópio e conseguiu identificar 100 vezes mais padrões no ruído investigado do que havia sido observado anteriormente.
Os dados analisados vieram de 480 horas de observações de 820 estrelas, feitas pelo radiotelescópio Robert C. Byrd Green Bank — ou seja, trata-se de apenas uma pequena porção de gravações de radiotelescópios da humanidade, o que abre bastante espaço para descobertas semelhantes. Foi usado um equipamento criado pelo SETI Breakthrough para procurar ondas de rádio que possam indicar a presença de civilizações alienígenas.
O sistema da iniciativa Breakthrough Listen identificou inicialmente 2,9 milhões de “sinais de interesse”, reduzidos para 20.515 dignos de atenção humana. Isso se compara com aproximadamente 200 encontrados nos mesmos dados usando os métodos anteriores sem aplicação de IA. Embora nenhum dos sinais ainda tenha levado a fortes indícios de vida extraterrestre, um artigo na Nature Astronomy revela que oito relatórios produzidos pelo estudo foram suficientes para solicitar observações de acompanhamento.
Dessa forma, foram acompanhados oito sinais de sete estrelas (rotulados MLc1-8), esperando uma repetição. O reexame falhou, mas a equipe está encorajada pela sensibilidade do sistema.
“Estamos ampliando esse esforço de busca para 1 milhão de estrelas hoje com o telescópio MeerKAT e além. Acreditamos que um trabalho como este ajudará a acelerar a taxa de descobertas em nosso grande esforço para responder à pergunta ‘estamos sozinhos no universo?'”, disseram os cientistas envolvidos, em um trecho do artigo.
Os dados já haviam sido coletados antes, a grande diferença está na possibilidade de vasculhar e ler esses dados mais rapidamente com o uso da IA.
“Os sinais MLc1 e MLc7 são muito interessantes porque foram registrados em duas datas diferentes, sugerindo que não são interferências conhecidas se forem de natureza terrestre. Tal descoberta requer confirmação por outros instrumentos antes que possamos ter certeza de que detectamos vida extraterrestre. No entanto, esse resultado científico mostra que agora é possível anunciar esse tipo de detecção com rapidez suficiente para fazer o acompanhamento necessário”, diz Franck Marchis , do SETI.
“A chegada de grandes redes como MeerKAT e SKA, que produzirão terabytes de dados por semana, torna imperativo que a pesquisa do SETI adote algoritmos poderosos, como o aprendizado profundo”, acrescentou Marchis. “Esperamos que esse algoritmo seja capaz de detectar um sinal mais rapidamente do que os métodos convencionais, pois isso nos permitirá acompanhar outras antenas e, portanto, confirmar se um sinal é extraterrestre”.
Esperamos ansiosamente que esse projeto possa trazer novos vislumbres e achados para a humanidade. O uso das inteligências artificiais e dados computacionais pode diminuir o tempo para se chegar ao resultado de pesquisas, e também nos fazer entender o nosso papel no universo.
Com informações da Nature (https://www.nature.com/articles/d41586-023-00258-z)
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