Equipe de cientistas detecta sinais de interesse suspeitos na pesquisa SETI

A pesquisa SETI (Sigla em inglês para Busca por Inteligência Extraterrestre) tem como objetivo detectar sinais de interesse no espaço que possam ser indícios de civilizações extraterrestres. De acordo com um artigo recentemente publicado no arXiv, uma equipe de cientistas internacionais liderada pela Dra. Sofia Z. Sheikh, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, detectou sinais de rádio considerados como “sinais de interesse”. O artigo também foi submetido ao The Astronomical Journal, onde aguarda revisão pelos pares.
Os sinais foram detectados pelo radiotelescópio Robert C. Byrd Green Bank (GBT), na Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, atualmente o maior radiotelescópio orientável do mundo. A equipe procurou assinaturas tecnológicas de banda estreita entre 1,1 – 1,9 GHz usando o receptor GBT L-band durante uma série de trânsitos de exoplanetas, cobrindo um total de doze sistemas planetários (denominados sistemas Kepler, por já terem sistemas planetários detectados).
Os sinais têm uma duração de apenas poucos milissegundos, mas apresentam características que os diferenciam de fontes conhecidas de emissões de rádio, como estrelas e galáxias, o que os torna suspeitos de serem sinais extraterrestres. São candidatos às chamadas tecnoassinaturas, ou seja, assinaturas tecnológicas que poderiam indicar a atividade de vida inteligente em outros planetas.
Junto com os dados do GBT, a equipe também empregou sistemas da iniciativa independente Breakthrough Listen, conhecido turboSETI, que ajudou a filtrar possíveis “acertos” de banda estreita dentro de parâmetros específicos.
“Pode ser vantajoso procurar assinaturas tecnológicas em partes do espaço de parâmetros que são mutuamente deriváveis para um observador na Terra e um transmissor distante”, observaram os autores do estudo.
A equipe de cientistas ainda está analisando os sinais para confirmar sua origem e descobrir se eles realmente são sinais de interesse. No entanto, os sinais já chamaram a atenção de outros cientistas da área, que estão interessados em colaborar na investigação.
A pesquisa SETI tem sido realizada há décadas, mas até hoje nenhum sinal conclusivo da existência de vida inteligente além da Terra foi encontrado. No entanto, a detecção desses sinais de rádio suspeitos pode ser um passo importante na busca por respostas sobre a existência de outras civilizações no universo. No entanto, é importante lembrar que ainda é cedo para afirmar com certeza se esses sinais realmente são de origem extraterrestre ou se são apenas fontes conhecidas de emissões de rádio que ainda não foram identificadas.
Para confirmar a origem extraterrestre dos sinais, os cientistas precisam analisá-los com mais detalhes e descartar outras possíveis explicações. Isso pode incluir o uso de outros radiotelescópios para observar os sinais e confirmar sua direção e localização no espaço. Também pode ser necessário utilizar outras técnicas de observação, como a análise de dados de satélites e telescópios ópticos, para obter mais informações sobre os sinais e sua possível origem.
Enquanto os cientistas continuam a investigar os sinais de interesse, a pesquisa SETI segue em frente, buscando por mais indícios da existência de vida inteligente além da Terra. Atualmente, a iniciativa Breakthrough Listen, financiada pela iniciativa privada, é um dos grandes players desse campo. A detecção desses sinais suspeitos é um passo importante nessa busca e pode nos levar mais perto de entender se estamos sozinhos no universo ou se existem outras civilizações compartilhando o mesmo espaço conosco.
O famoso sinal “WoW”
A busca por sinais extraterrestres ganhou notoriedade a partir de 1977. Naquele ano foi registrado um dos sinais mais famosos já detectados, o sinal “WoW”, que chamou a atenção de cientistas ao redor do mundo. O sinal “WoW” foi registrado pelo radiotelescópio Big Ear, situado na Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, e foi recebido por apenas 72 segundos. Mas foi tão intenso que o astrônomo Jerry Ehman, que monitorava as detecções naquele dia, escreveu “Wow!” ao lado da coluna que representou os dados numa folha impressa.
Desde então, muitas teorias foram levantadas sobre a origem do sinal “WoW”, mas até hoje ele ainda é um mistério. Recentemente, estudo publicado no site Astronomy descartou a hipótese de que o sinal pudesse ter sido emitido por uma estrela semelhante ao Sol situada a cerca de 95 anos-luz de distância. No entanto, ainda há muito o que se investigar sobre o sinal “WoW” e sua possível origem extraterrestre.
Mistério das Rajadas Rápidas de Rádio (FRB) continua a ser investigado
Outro grande mistério que pode trazer surpresas para a pesquisa SETI são as chamadas Rajadas Rápidas de Rádio (FRB, sigla em inglês). São transmissões de rádio breves e intensas detectadas no espaço. Elas aparecem de forma aleatória e têm durações que variam de milissegundos a alguns minutos. Até o momento, mais de 2000 FRB foram detectadas, mas ainda se desconhece sua origem e causa.
Recentemente, uma equipe de cientistas chineses detectou mais de 1,5 mil sinais misteriosos no espaço de uma só vez num intervalo de apenas 47 dias. Apesar de ainda serem um mistério, as FRB têm sido alvo de intensa pesquisa, com o objetivo de entender sua origem e causa. Algumas teorias sugerem que podem ser causadas por eventos cataclísmicos, como colisões de estrelas de nêutrons ou buracos negros. Outras teorias sugerem que as FRB podem ser de fato sinais de comunicação de civilizações extraterrestres.
No entanto, é importante lembrar que ainda é cedo para afirmar com certeza a origem das FRB e muito ainda precisa ser investigado antes de podermos ter uma compreensão mais clara do mistério dessas rajadas rápidas de rádio.
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