Cientistas detectam mais de 1,5 mil sinais misteriosos do espaço em 47 dias
Uma equipe de pesquisa internacional liderada pelo Professor Li Di e pelo Dr. Wang Pei, ambos do Observatório Astronômico Nacional da Academia Chinesa de Ciências (NAOC), detectou um episódio extremo de explosões cósmicas, as chamadas rajadas rápidas de rádio (Fast Radio Burst – FRB), usando o Radiotelescópio Esférico de 500 metros (FAST, da sigla em inglês), na China.
Mais de 1,5 sinais misteriosos foram captados — exatamente 1.652 “rajadas” — num intervalo de apenas 47 dias a partir de 29 de agosto de 2019.
O evento ganhou o nome de FRB 121102 e já é considerado o maior conjunto de eventos do tipo até agora. As FRB vem despertando a curiosidade dos astrônomos já faz alguns anos pela natureza desconhecida de sua origem, mas o evento 121102 representa mais do a soma total dos registros relatados em todas as outras publicações científicas combinadas.
O estudo dos pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências foi publicado no último dia 13 de outubro na revista científica Nature e vem repercutindo em dezenas de outros sites e revistas científicas online. Os cientistas esperam que um conjunto de pacotes de dados tão grande finalmente permita determinar as características desse tipo de energia, incluindo sua distribuição no Universo.
A esperança dos pesquisadores é de que os dados obtidos possam ser aplicados a outros sinais semelhantes, e que, em última análise, lancem luz sobre a natureza desses sinais misteriosos.
Ninguém sabe o que são os misteriosos sinais de rádio FRB
Os sinais de rádio do tipo FRB foram detectados pela primeira vez em 2007. Essas explosões cósmicas podem ser tão curtas quanto um milésimo de segundo, enquanto produzem o equivalente a um ano da produção total de energia do Sol. Sua origem ainda é um completo mistério.
Embora causas naturais sejam claramente a hipótese preferida dos cientistas até agora, com base nas observações, não está descartada ainda a possibilidade de serem provenientes da atividade de alguma civilização alienígena.
Alguns potenciais candidatos a responsáveis pelas FRB incluem estrelas de nêutrons hipermagnetizadas exóticas, buracos negros e cordas cósmicas que sobraram do Big Bang. Mas os cientistas já descobriram que uma pequena fração das FRBs se repetem. Este fenômeno facilita estudos de acompanhamento, incluindo localização e identificação de galáxias hospedeiras do fenômeno.
No caso do evento FRB 121102, os cientistas identificaram sua origem somo sendo uma galáxia anã. A atividade incomum, segundo eles, está claramente associada a uma fonte de rádio persistente. Ambas as pistas são cruciais para resolver o mistério das rajadas rápidas. Mesmo assim, o comportamento do FRB 121102 é difícil de prever e comumente descrito como “sazonal”.
Mas o recém publicado estudo confirma que o sinal se repete de tempos em tempos. Um grupo de pesquisadores do do Instituto Max Planck de Radioastronomia, localizado em Bonn, na Alemanha, chegou a converter as FRB 121102 em áudio e disponibilizar o resultado no Youtube.
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