Detecção de extraterrestres por ondas gravitacionais de dobra espacial: fato ou ficção?

Detecção de extraterrestres por ondas gravitacionais de dobra espacial: fato ou ficção?
Ilustração - uma representação futurista de uma nave capaz de warp drive (droba espacial) gerando ondas gravitacionais
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Recentemente, um estudo científico trouxe à tona a perspectiva de tentar detectar civilizações extraterrestres avançadas por meio da observação de ondas gravitacionais geradas por motores de dobra espacial. O conceito, que explora soluções teóricas da relatividade geral de Einstein, sugere que essas ondas poderiam ser um indicativo da existência de tecnologias alienígenas altamente sofisticadas.

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Motores de dobra espacial, teoricamente, permitiriam viagens mais rápidas que a luz, contornando a barreira imposta pela física ao deformar o próprio espaço-tempo. A ideia central do paper, intitulado “What no one has seen before: gravitational waveforms from warp drive collapse” (“O que ninguém viu antes: formas de onda gravitacionais do colapso do motor de dobra”), é que, em caso de falha desses motores, as ondas gravitacionais resultantes poderiam ser detectáveis. O estudo foi escrito pelos astrofísicos Katy Clough (Queen Mary University of London), Tim Dietrich (Instituto Max Planck) e Sebastian Khan (Cardiff University).

Essas ondas, geradas pela intensa distorção do espaço, emitiriam sinais na faixa de algumas centenas de quilohertz, fora do alcance dos detectores de ondas gravitacionais atuais, mas dentro da capacidade de instrumentos futuros. O estudo se debruça sobre as implicações físicas dessas ondas gravitacionais e a possibilidade de captá-las, especulando que um sinal desse tipo poderia ser medido se viesse de qualquer lugar da nossa galáxia.

Apesar do entusiasmo gerado pelas manchetes, a renomada física teórica Sabine Hossenfelder, Ph.D., especialista em gravidade quântica, divulgadora e autora de diversos artigos científicos, levanta questões cruciais sobre a viabilidade prática desse cenário. Em um vídeo recente em seu canal no Youtube, a pesquisadora destaca que, embora a teoria seja intrigante, a implementação prática apresenta desafios significativos, especialmente em termos de conservação de momento e a necessidade de um sistema de propulsão adicional para a nave espacial.

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Veja também: Cientista da NASA diz ter descoberto forma de propulsão que desafia leis da física

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Um dos pontos mais críticos levantados por Hossenfelder diz respeito à densidade de energia exigida para que um motor de dobra funcione. De acordo com o paper, seria necessária uma massa equivalente a dois terços da do Sol comprimida em um espaço de apenas um quilômetro de diâmetro. Essa concentração de massa seria tão extrema que se aproximaria das condições necessárias para a formação de um buraco negro. Segundo Hossenfelder, “para criar tal curvatura é necessário comprimir a matéria nuclear, como a do nosso Sol, até cerca de um milionésimo do seu diâmetro atual”. Essa realidade física torna inviável a criação de um motor de dobra que possa ser utilizado de maneira prática.

Outro ponto de crítica é a omissão, tanto no paper quanto nas manchetes que o divulgaram, da necessidade de energias negativas para a operação desses motores. Hossenfelder observa que, embora existam especulações sobre a existência de energia negativa, ela ainda não foi observada na natureza de maneira controlada ou utilizável. “O trabalho está muito bom e não sou contra estudar matemática. Mas esta chamada busca alienígena está distorcendo a verdade”, afirma Hossenfelder, ressaltando a importância de se manter cético quanto às aplicações práticas dessas teorias.

Apesar das dificuldades técnicas e dos desafios teóricos, a pesquisa sobre motores de dobra e suas possíveis detecções via ondas gravitacionais continua a fascinar cientistas e entusiastas. No entanto, conforme alertado por Hossenfelder, é crucial distinguir entre o que é teoricamente possível e o que é realisticamente viável, especialmente quando se trata da busca por vida extraterrestre. A especulação científica desempenha um papel vital no avanço do conhecimento, mas é fundamental manter os pés no chão para evitar criar expectativas infundadas sobre tecnologias que, por enquanto, permanecem no campo da ficção científica.

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Redação Vigília

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