Mistério desvendado: fogueira foi o motivo da polêmica em Itupeva

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Uma fogueira feita por um grupo de jovens religiosos em Itupeva, no Interior de São Paulo, foi mesmo a responsável pela grande polêmica causada na cidade em abril do ano passado. A marca circular no solo foi confundida com uma marca de pouso de UFO, conhecida pelos ufólogos como “ninho de disco”. Numa pesquisa de campo acompanhada pela Revista Vigília no dia 2 de maio de 1997, amostras do solo foram coletadas por pesquisadores do CEPEX (Centro de Estudos e Pesquisas Exológicas de Sumaré). Recentemente, especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) analisaram as amostras em modernos equipamentos e os resultados mostraram tratar-se apenas de terra misturada a compostos gerados na combustão de material orgânico, sem qualquer anomalia que pudesse indicar outra hipótese.

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A polêmica de Itupeva começou quando o proprietário do sítio Nossa Senhora das Graças, senhor Roque Ming, revelou ter avistado, na madrugada de 26 de abril, acompanhado de sua esposa, Maria, o que ele descreveu como uma intensa luz no topo de uma elevação da propriedade vizinha. O ufólogo Claudeir Covo tomou conhecimento do relato e avisou os irmãos Osvaldo e Eduardo Mondini, coordenadores do CEPEX. Os coordenadores do CEPEX e o também pesquisador da entidade Antônio de Pádua Faroni foram ao local, ouviram as testemunhas, colheram amostras de solo e cinzas e fizeram um monitoramento noturno dos céus (vigília) na região em busca de sinais que indicassem uma explicação para o episódio.

Ming deduziu ser um objeto ovalado de cerca de dez metros de comprimento, no alto do morro, que pairava a dois metros do chão, segundo contou. “Por dentro era um vermelho meio claro, mas tinha umas pontas que passavam muito rápido, como se girassem, com cores diferentes laranja, amarelo, branco, várias cores”, descreveu. O casal estava a uma distância de aproximadamente 800 metros do clarão. Mesmo assim, Ming e sua esposa afirmaram ter ouvido ruídos provenientes do lugar, descrevendo-os como uma espécie de ‘grunhidos’.

Depois de algum tempo observando, o casal viu vultos humanos. “Estavam saindo do aparelho. Vi saindo bem de dentro da luz e pisando firme no chão”, contou. Para eles, os vultos pareciam estar encapusados, com vestimentas largas e todas brancas. No dia seguinte, Ming foi ao local acompanhado de seu filho e descobriu uma marca circular na área de pasto com aproximadamente 78 cm de diâmetro.

Poucos dias depois, no entanto, a reportagem da Vigília localizou o um pastor evangélico Francisco Vanderlinde, que estava surpreso com o alarde em torno da questão. Ele havia enviado um fax ao jornal Expressão, de Itupeva, explicando que, naquela noite, um grupo de 16 jovens da Congregação Cristã Pró-Família, de Jundiaí, reuniu-se exatamente naquele local para realizar uma vigília de oração, em volta de uma fogueira. “Não tinha nada para produzir luz além da fogueira e dos carros dos garotos, que ficaram um pouco abaixo”, afirmou ele à Vigília.

No entanto, a questão só seria totalmente esclarecida no dia 15 de março deste ano, com a divulgação do laudo da análise das amostras colhidas pelos pesquisadores do CEPEX. O material foi enviado aos especialistas Nelson Veissid, Chen Ying Na e Maria Lúcia B. de Mattos, pesquisadores do Centro de Tecnologias Especiais/Laboratório de Sensores e Materiais (CTE/LAS), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

Os cientistas utilizaram um equipamento para análise do espectro de energia dispersiva de raios-X (EDS), através do qual foi possível determinar com exatidão a composição de amostras de terra e cinzas retiradas do interior do círculo de Itupeva e amostras do solo nas proximidades. Comparando a composição do solo que não foi queimado com a terra misturada às cinzas, os cientistas encontraram composições diferentes, tendo em comum poucos elementos químicos, tais como Carbono, Oxigênio, Alumínio. No entanto, após realizar a queima –com etanol– da amostra de solo de fora da região queimada, a composição do material assumiu as mesmas características da outra amostra, incluindo proporções similares dos elementos Magnésio, Potásio, Enxofre e Cálcio, encontrados apenas na amostra do interior do círculo de Itupeva. Segundo afirma o laudo dos pesquisadores, apresentando gráficos detalhados, “estes elementos não foram detectados anteriormente devido ao alto teor de material orgânico contido na amostra 2” [Nota do editor: colhida fora do círculo queimado].

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Os pesquisadores do INPE realizaram ainda um experimento controle, com amostra de terra colhida no terreno do Instituto, e após a queima encontraram o mesmo resultado. A conclusão do laudo assinado pelos cientistas é que “as amostras 1 e 2 [Nota do editor: de Itupeva] apresentam a mesma composição qualitativa de elementos químicos, sendo que a amostra 2 [Nota do editor: solo antes da queima] contém maior quantidade de material orgânico. Uma amostra de terra colhida próximo ao prédio do CTE/LAS também apresenta a mesma composição das amostras investigadas”.

Para Eduardo Mondini, o resultado das análises teve um significado importante além do fato de ter contribuído para desvendar o mistério. Foi “provar mais uma vez, para os que acham que a Ufologia brasileira trabalha amadoramente, que a seriedade, o compromisso com a verdade e o respeito com os que nos confiaram seus relatos está acima de qualquer coisa”, disse.

Pesquisadores deverão analisar amostras de Mogi

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A mesma pesquisa realizada no INPE para as amostras de solo colhidas em Itupeva poderá determinar também a validade das suspeitas de um pouso de UFO na Serra do Itapeti, em Mogi das Cruzes, no dia 26 de maio desse ano.

O fato aconteceu Pesque e Pag do Rubinho, localizado no bairro do Rodeio. Valdair Alcântara Maciel, que trabalha como guarda no Pesqueiro, afirmou ter visto um objeto voador não identificado às 3h30 da madrugada. “Eu vi um clarão. De repente, aquele negócio abaixou no meio da capoeira”, afirmou ele à época ao jornal local Mogi News. O pedreiro José Cardoso Pinto, morador vizinho, também viu o estranho objeto, que descreveu como uma luz “meio azulada e meio amarelada”.

As evidências deixadas pelo objeto seriam as marcas no solo numa clareira localizada por Maciel próxima de onde o UFO teria descido.

Tratava-se de um círculo de cerca de 2,4 metros de diâmetro, com o que aparentava serem quatro sapatas e uma circunferência menor no centro. As marcas de sapata tinham aproximadamente 5 centímetros de profundidade. No local, uma abertura entre as copas das árvores indicava a possibilidade de algo ter aterrizado. Mas não aparecem marcas de quebra ou entortamento dos galhos das árvores.

Entre os pesquisadores que estão acompanhando o caso, de grupos como INFA (Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespacias), Vega, GUG (Grupo Ufológico do Guarujá) e outros, a hipótese da fogueira ainda é uma das mais fortes. A suspeita é que tenha se tratado de uma manobra de marketing, garantindo um atrativo a mais para os clientes do pesqueiro, embora o avistamento possa realmente ter ocorrido, já que outras testemunhas têm informado estranhos fenômenos no local desde abril desse ano.

Redação Vigília

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