NASA se prepara para lançar o SPHEREx, novo telescópio que mapeará o céu completo

A NASA está prestes a expandir sua frota de observatórios espaciais com o lançamento do Spectro-Photometer for the History of the Universe, Epoch of Reionization and Ices Explorer (SPHEREx), programado para esta quarta-feira. Este telescópio inovador realizará um mapeamento completo do céu utilizando comprimentos de onda do infravermelho próximo, coletando dados precisos de aproximadamente 450 milhões de galáxias.
O lançamento, inicialmente previsto para 2 de março, foi reagendado para 0h09 do dia 5 de março, a partir da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia, utilizando um foguete SpaceX Falcon 9.
O SPHEREx é equipado com uma câmera especial contendo um filtro que decompõe a luz incidente, similar a um prisma, distribuindo diferentes porções do espectro luminoso entre 102 sensores de cor independentes. Durante sua trajetória orbital, o telescópio construirá gradualmente uma imagem completa do céu, pixel por pixel. Esta abordagem inovadora permite que um equipamento relativamente compacto e sem mecanismos móveis realize tarefas que normalmente exigiriam instrumentos muito mais complexos e onerosos.
Ao escanear o céu metodicamente, movendo o telescópio em pequenos incrementos, cada ponto no céu será eventualmente observado em uma ampla gama de comprimentos de onda, proporcionando um espectro detalhado de cada região celeste. Isso é algo nunca antes realizado. Mesmo com dimensões modestas, a comunidade científica aposta alto na capacidade do equipamento em produzir novas descobertas.
“É um telescópio espacial muito pequeno, mas tem algumas características muito únicas”, diz Richard Ellis, da University College London. “É provável que encontre o inesperado”, afirma.
As observações na faixa infravermelha, invisível aos olhos humanos, permitirão aos cientistas determinar a distância de objetos cósmicos e compreender melhor os processos de formação e evolução galáctica. Além disso, esses dados possibilitarão análises da composição química de diversos corpos celestes, potencialmente revelando a presença de água e outros elementos essenciais para o desenvolvimento da vida.
Quaisquer descobertas relevantes identificadas pelo SPHEREx poderão ser posteriormente investigadas com maior profundidade utilizando outros telescópios espaciais da NASA, como o veterano Hubble e o avançado James Webb (JWST).
Se, por um lado, o SPHEREx não oferecerá a mesma resolução do JWST e nem produzirá imagens tão espetaculares, mas funcionará como um “cavalo de batalha” para avanços científicos significativos.
O SPHEREx completará 14,5 órbitas terrestres diariamente, com seus instrumentos posicionados em direção oposta à superfície do planeta. Durante sua missão de dois anos, realizará aproximadamente 11.000 órbitas. Três escudos cônicos protegerão seus sensores da interferência térmica proveniente da Terra e do Sol.
O mesmo foguete da Space X transportará outra missão da NASA, o Polarimeter to Unify the Corona and Heliosphere (PUNCH), dedicado ao estudo do vento solar.
A busca por vida extraterrestre: uma nova prioridade nas missões espaciais
O lançamento do SPHEREx reflete uma tendência crescente nas agências espaciais globais: a integração explícita da busca por vida extraterrestre entre os objetivos primários de missões científicas. Esta mudança de paradigma representa uma evolução significativa na exploração espacial.
Historicamente, a procura por sinais de vida além da Terra ocupava uma posição secundária nos programas espaciais, frequentemente apresentada como um “benefício adicional” de missões com outros focos principais. Contudo, nos últimos anos, observamos uma transformação gradual, com esta busca assumindo papel central em diversas iniciativas.
Esta tendência pode ser interpretada como resultado de avanços tecnológicos que tornaram mais viáveis as análises espectroscópicas detalhadas, capazes de identificar biomarcadores em exoplanetas distantes. Adicionalmente, descobertas recentes de ambientes potencialmente habitáveis em nosso próprio sistema solar – como os oceanos subterrâneos de Europa e Encélado – intensificaram o interesse científico nesta área.
A inclusão mais explícita da astrobiologia nos objetivos das missões também pode refletir mudanças culturais mais amplas, com crescente aceitação da possibilidade de vida extraterrestre entre a comunidade científica e o público geral. Esta evolução sugere que o próximo capítulo da exploração espacial poderá ser definido não apenas pela descoberta de novos mundos, mas pela busca sistemática por sinais de vida além da Terra.
Com informações da NewScientist.