Para pesquisador de Curitiba, chupacabras está longe de ser explicado

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Desde 1997, o pesquisador Carlos Alberto Machando, presidente do Centro de Investigação e Pesquisa Exobiológica do Paraná (CIPEx), vem pesquisando casos de ataques a criações de gado que supõe-se terem sido desferidos por um predador insólito. A já famosa e ao mesmo tempo misteriosa criatura que ficou conhecida como “chupacabras”. O termo foi criado em Porto Rico, quando ufólogos locais, notadamente Jorge Martin, começaram a ser chamados para averiguar sinais de estranhos ataques a cabras e outras criações cuja similaridade, segundo os pesquisadores e criadores, era a ausência de sangue.

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Machado prefere chamá-lo de Intruso Esporádico Agressivo, ou IEA, termo utilizado originalmente pelos pesquisadores espanhóis, segundo ele. Ufólogo há 24 anos, pedagogo e atualmente mestrando na área de Educação na Universidade Federal do Paraná, ele tomou conhecimento, em 1997, de casos de animais mortos em circunstâncias estranhas, tendo vários deles ocorrido na região próxima à sua cidade, Curitiba.

Também naquele ano várias ocorrências foram notificadas na região Sudeste, principalmente no Interior do Estado de São Paulo. Na época, o assunto ganhou notoriedade na imprensa, chegando a assustar os criadores e a aterrorizar muitos moradores de pequenas cidades. Em matéria especial publicada na edição número 6, a Revista Vigília ouviu ufólogos, diversos biólogos e veterinários que apontavam tratar-se muito mais de um mito do que realidade. Para eles, a maioria dos ataques estava sendo provocada por animais conhecidos, mas estavam ganhando repercussão graças à adoção sensacionalista, pela imprensa, do folclórico Chupacabras de Porto Rico.

Em alguns casos, o próprio Carlos Machado participou da investigação que levou ao esclarecimento da questão. Foi o que ocorreu, recentemente, com o corpo de um animal morto mostrado no Programa do Ratinho, no SBT. O pesquisador disse ter ficado decepcionado ao ver o corpo de perto, convidado pela produção do programa. “Parecia um animal muito conhecido”, lembrou. Quando levado a especialistas da Unicamp, alguns ossos que estavam deslocados foram colocados no lugar e ficou evidente: era apenas um gato.

Mas para o pesquisador de Curitiba, que reuniu cerca de 80 casos em sua pesquisa, a explicação está longe de chegar ao fim. Quando começou a apurar os relatos, conta ele, “percebi que as circunstâncias eram muito similares. Apesar disso, o governo local – como não podia deixar de ser – insistia em que os animais vinham sendo vítimas de suçuaranas ou de cães selvagens. Viajei por boa parte do interior do estado do Paraná e litoral paulista seguindo a trilha em que tudo indicava serem responsáveis os famigerados Chupacabras.”

E não foi apenas o pesquisador que ficou estarrecido com as histórias que apurou. Os três médicos veterinários que ajudaram no trabalho, realizando exames e necrópsias em algumas vítimas também tiveram reações interessantes. Dois deles, cuja divulgação de sua identidade ainda não foi autorizada (o pesquisador do CIPEx diz que isso vai acontecer quando for lançado seu livro, “Olho do Dragão – Relatório Chupacabras”). Passaram da indiferença e descrédito inicial à curiosidade e o interesse pela pesquisa séria do tema. Um terceiro, cujo nome não será revelado, não teria suportado o impacto psicológico diante das evidências. “A princípio aceitou [colaborar] com certo desdém; depois fugiu –mudou-se de cidade– e, finalmente, ficou aterrorizado, pois achava que o I.E.A. estava perseguindo-o”, revelou Machado à Revista Vigília. “Obviamente não estava preparado psicologicamente; provavelmente devido a sua formação acadêmica, que nunca lhe mostrou tais acontecimentos”, ponderou.

Ausência de sangue e acobertamento

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No início do trabalho que coleta de dados, o presidente do CIPEx tinha apenas os corpos das vítimas de um predador anômalo. Analisando detalhadamente mais de 34 casos que pesquisou “in loco”, diz ter notado “que as marcas deixadas nos animais eram idênticas às marcas encontradas pelo pesquisador Jorge Martin em Porto Rico: orifícios limpos sem mastigação, simétricos, ora variando em padrões de um, dois ou três. Orelhas cirurgicamente extirpadas. Fetos extraídos sem vestígios de marcas visíveis”. Outra coisa que chamou sua atenção foi a ausência de sangue tanto nas vítimas quanto nos locais de ataque. A falta de sangue nas vítimas ficou mais clara com as necrópsias feitas pelos veterinários. “Percebemos que o sangue estava ausente inclusive nas veias, fígado, pulmões e coração.

Mas as evidências, segundo Machado, não ficaram por aí: “Com o tempo, descobri testemunhas do predador que vinham sendo ocultadas por membros do governo local, para que não relatassem o que haviam presenciado.”

A denúncia é grave, mas segundo o pesquisador não se trata apenas de uma teoria de conspiração. Vários fatos levaram à suposição do envolvimento de autoridades num elaborado esquema de acobertamento. Um dos primeiros teria sido a atitude da própria imprensa, que manifestou seu repúdio ao constatar que, nas regiões de ataque do predador no Paraná, a energia elétrica havia caído exatamente no horário em que estavam transmitindo os relatos das ocorrências em seus noticiários televisivos.

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Pouco tempo depois, a mesma imprensa desmentiu os fatos, sem conclusões definitivas, tentando atribuir as mortes a ataques de cães selvagens, mesmo não dispondo de evidências conclusivas. “Foram omitidos fatos e evidências que demonstravam o contrário. Por exemplo: os corpos das vítimas não demonstravam decomposição normal. Na maioria das vezes, os corpos levavam até duas semanas para começar a se decompor. Nem os corvos interessavam-se pelos cadáveres. Um repórter me revelou pessoalmente que a Rede de Televisão em que trabalhava recebeu um telefonema exigindo que a história do chupacabras fosse encerrada com a afirmação de que tudo não passava de ataque de cães”, revela Machado.

Outro ponto incoerente identificado por ele foram as pegadas encontradas, que não eram de suçuaranas ou de cães selvagens, como anunciado pelo governo local. “Aliás, não eram de nenhum animal conhecido”, afirma, revelando que as pegadas e rastros foram comparados com os animais acusados e outros encontrados em literatura especializada de medicina veterinária e zoologia.

Mais ainda, sua curiosidade aumentava na medida em que os laudos oficiais não eram publicados ou mostrados. Apenas, foram feitas algumas declarações nos jornais e noticiários. Como as de médicos veterinários que se pronunciavam à imprensa afirmando que suçuaranas ou cães selvagens costumam sugar sangue de suas vítimas. “Ora, qualquer pessoa que se interessar por literatura especializada pode verificar que os únicos animais na natureza que sugam sangue são os mosquitos, os carrapatos, as pulgas e as sanguessugas. O hematófago morcego-vampiro, como muitos crêem, não sugam sangue. Eles perfuram suas vítimas e lambem o sangue escorrido. O problema é que ocorreram casos em que pelo menos 66 ovelhas eram atacadas em apenas uma noite dentro do aprisco, e eram encontradas amontoadas como em um processo de seleção”, ressalta.

Mas a evidência maior desse acobertamento ainda estava por surgir: a testemunha de uma captura. Um militar, que não quer ser identificado mas cujas patente Machado garante que foi checada, teria revelado informações preciosas sobre uma caçada ao IEA, no estado do Paraná, envolvendo o Exército, o governo local, a Emater, a Secretaria do Meio Ambiente e alguns cientistas civis. “Segundo a testemunha, o predador em questão, após capturado, foi levado em um caminhão frigorífico para a Universidade Estadual de Londrina (UEL). Entrevistei, na região mencionada, vários moradores locais que testemunharam a presença de caminhões do Exercito. Suspeitamos que naquela época, ocorreram várias caçadas e em várias regiões do Brasil”, diz Machado, completando não ter obtido qualquer resposta da Universidade.

Outras evidências e estatísticas

Não foi apenas o suposto envolvimento de militares que aguçou a curiosidade do pesquisador em relação ao Chupacabras ou IEA. Ele foi um dos poucos no país a ter entrevistado testemunhas que teriam tido encontros face a face com a estranha criatura. Foram mais de 60 pessoas, em cinco estados brasileiros. Uma delas conseguiu uma foto que, na avaliação do pesquisador, coincide com quase todas as descrições anteriormente relatadas: um animal peludo, com cerca de 1,60, e garras bastante afiadas –característica por causa da qual teria conseguido a extração de orelhas de ovelhas com precisão cirúrgica. A foto foi deixada pelo autor -que não quis se identificar- na redação de um jornal na região de Sumaré (SP) e foi encaminhada aos pesquisadores do CEPEX (Centro de Estudos e Pesquisas Exológicas de Sumaré). Mas talvez a peculiaridade mais marcante sejam os olhos: grandes e vermelhos. “Encontrei testemunhas que afirmam que ao avistarem o IEA sentiam-se estranhamente hipnotizadas pelo predador. Isso demonstra que ele talvez seja dotado de um poder de influência mesmerizante. Seus olhos vermelhos eram vistos brilhando no escuro e se apagavam com luzes de faróis ou lanternas”, destaca.

A coletânea de relatos de testemunhas levou Machado a construir um retrato falado do misterioso predador, e, mais tarde, a uma maquete, feita artesanalmente pelo artista plástico e também pesquisador Luiz Ribas.

A pesquisa de Machado não trabalhou apenas com evidências e testemunhos. Com os 80 relatos que reuniu de ataques em todo o Brasil, já excluindo as prováveis fraudes ou erros de interpretação, ele analisou os números fazendo o primeiro estudo estatístico do ataque de chupacabras no país. Só no Paraná foram atacados 800 animais desde 1997.

Dessa análise, uma surpresa: aparentemente, o predador tem preferência por fêmeas. Do total de vítimas, cerca de 80% eram fêmeas e 20% machos. Alguns casos eram tão bizarros que apenas fêmeas eram atacadas. Os machos ficavam ilesos. Machado supõe que esta preferência está ligada à presença dos hormônios estrógeno ou progesterona.

Na distribuição das espécies animais mais atingidas, outra revelação importante: 41% eram ovelhas. A seguir vêm as cabras, com 24,5%; gansos, com 17%; galinhas, com 8,5%; 6% para bois e vacas, 2% para porcos e 0,4% de cavalos. As duas regiões de maior incidência foram Sul e Sudeste, com vantagem para o Sul do país na totalização final.

Ligação com OVNIs

Embora estabeleça um parâmetro entre o IEA e a alta incidência de avistamentos de OVNIs nas regiões e nos períodos onde ocorreram supostos ataques do predador, a ligação entre os dois fenômenos ainda não é comprovável. No entanto, “não podemos descartar a hipótese de que os IEA possam ter alguma ligação com o fenômeno UFO”, pondera Machado. Ele garante que em 1997 encontrou várias pessoas que viram UFOs nas áreas de ação do IEA, e algumas também eram testemunhas da criatura. “Junto com várias testemunhas, também tivemos a satisfação de filmar um desses objetos exatamente sobre uma das regiões de ataque no mês de julho de 1997”, ressalta.

Todos os dados obtidos por ele nos últimos 3 anos de pesquisas farão parte de seu livro “Olhos do Dragão – Relatório Chupacabras”, ainda por ser lançado. Machado revela que está negociando com algumas editoras interessadas, prevendo o lançamento, se tudo correr como ele espera, para a segunda quinzena de agosto. Mas ele adianta que convidou outros pesquisadores para levantarem hipóteses diferentes quanto à origem do I.E.A..

Ele próprio trabalha com as hipóteses de origem alienígena ou experiência genética, seja ela terrestre ou alienígena. Já o pesquisador convidado Fernando Grossman, no livro, fala de seu trabalho sobre uma possível aberração da natureza, um tipo de “inseto mutante mimético” (sic), uma espécie de louva-deus gigante, produto de interferência humana no ecossistema. Outro pesquisador, Luiz Ribas, defende a hipótese da emersão de um animal extinto, cujo habitat seria o interior da terra, uma tipo de dinossauro. Por último, a pesquisadora Márcia Filpo sugere a idéia de o predador ser um subproduto de uma conspiração, envolvendo um governo invisível e alienígenas.

Apesar desse pioneiro estudo, o que quer que seja responsável pelo fenômeno ainda é um mistério a ser desvendado. A análise das evidências físicas mais expressivas, como pêlos e fezes encontradas nos locais de ataque, ainda aguarda resultados laboratoriais. Os únicos dados obtidos neste sentido vêm, lembra Machado, de um estudo de três amostras de pêlos remetidas a laboratórios pelos pesquisadores Osvaldo e Eduardo Mondini, ufólogos que há 20 anos dirigem o Centro de Estudos e Pesquisas Exológicas de Sumaré, na região de Campinas, no Interior de São Paulo. Duas amostras foram identificadas como pêlos de cães. A outra teve apenas a classificação genérica “pelos de animal desconhecido”.

Qualquer pessoa que tenha maiores informações sobre os ataques do I.E.A. e possa auxiliar, ou que queira saber mais sobre o assunto, pode localizar o pesquisador pelo e-mail: cipexbr@yahoo.com, ou pelo correio convencional, Caixa Postal: 7824 CEP. 80.011-970 – Curitiba – PR.

Redação Vigília

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