Astrônomos descobrem evidências do primeiro planeta fora da Via Láctea

Astrônomos do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics podem ter descoberto sinais do primeiro planeta fora da Via Láctea.
O potencial exoplaneta, chamado M51-ULS-1b, fica a 28 milhões de anos-luz de distância na galáxia espiral Messier 51 (M51), também conhecida como galáxia Whirlpool.
Primeiro planeta fora da Via Láctea
A descoberta pode ser apenas a ponta do iceberg, revelando muitos outros exoplanetas fora da Via Láctea.
“Estamos tentando abrir uma nova arena para encontrar outros mundos”, disse em um comunicado Rosanne Di Stefano, astrofísica da instituição, que liderou o estudo que encontrou o objeto .
Para este estudo os astrônomos usaram o Observatório de raios-X Chandra da NASA e o telescópio espacial XMM-Newton da Agência Espacial Europeia para observar três galáxias além da Via Láctea.
No total, eles analisaram 55 sistemas diferentes em M-51, a galáxia Whirlpool, 64 sistemas em Messier 101 (M-101) ou a “galáxia Catavento” e 119 sistemas em Messier 104, ou a “galáxia Sombrero”.
As evidências do novo planeta
A equipe localizou o objeto em M-51 usando trânsitos, que acontecem quando um objeto transita, ou passa, na frente de uma estrela. Ao fazer isso, ele bloqueia parte da luz da estrela e cria um breve escurecimento.
Anteriormente, os cientistas usaram este método para descobrir milhares de exoplanetas, ou planetas fora de nosso sistema solar (mas ainda em nossa galáxia).
O primeiro exoplaneta descoberto foi em 1992 e, desde então, a maioria dos exoplanetas encontrados estão a menos de 3.000 anos-luz da Terra.
Mas o M51-ULS-1b, orbitando a 28 milhões de anos-luz de distância, seria o primeiro exoplaneta encontrado em outra galáxia.
Olhando para fora da Via Láctea
Eles encontraram o possível exoplaneta na galáxia Whirlpool em um sistema binário orbitando dois grandes objetos: uma estrela de nêutrons ou um buraco negro que orbita uma estrela companheira massiva.
O trânsito que testemunharam durou um total de cerca de três horas e as emissões de raios-X caíram para zero.
Isso os ajudou a descobrir que o objeto é aproximadamente do tamanho de Saturno e orbita a estrela de nêutrons (ou um buraco negro) a uma distância duas vezes maior que a distância de Saturno ao nosso sol.
As observações não confirmam que o objeto visto usando Chandra neste estudo é um planeta. Mais dados precisam ser coletados para confirmar essa afirmação, disseram os pesquisadores.
No entanto, o objeto não passará novamente na frente de sua estrela por 70 anos, então levará muito tempo até que os cientistas sejam capazes de fazer essa observação novamente.
Nuvem na frente da estrela
“Infelizmente, para confirmar que estamos vendo um planeta, provavelmente teríamos que esperar décadas para ver outro trânsito”, acrescentou no mesmo comunicado a coautora Nia Imara, pesquisadora da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.
É possível, mas altamente improvável, os pesquisadores reconhecem no comunicado, que o escurecimento possa ser causado por algo como uma nuvem passando na frente da estrela.
Ainda assim, a equipe compartilhou que espera que outros cientistas examinem os dados que coletaram e o que encontraram. Isso poderia ajudar a verificar o que eles detectaram e a movimentar essa pesquisa, apesar das décadas que faltam para o próximo trânsito.
___________
Leia Também:
Você conhece Laniakea, o superaglomerado de galáxias em que vivemos?
Cientistas podem ter encontrado uma parede gigante no limite do Sistema Solar
“Acidente”, o objeto misterioso de 10 bilhões de anos que avança pela Via Láctea
___________
“Sabemos que estamos fazendo uma afirmação empolgante e ousada, então esperamos que outros astrônomos a examinem com muito cuidado”, acrescentou na mesma declaração a co-autora Julia Berndtsson, pesquisadora da Universidade de Princeton em Nova Jersey.
“Achamos que temos um argumento forte, e esse processo é como a ciência funciona.”
O estudo com a descoberta foi publicado em 25 de outubro na revista Nature Astronomy.
Com informações do Space.com