Confirmadas as testemunhas da nova audiência sobre UAPs na Câmara dos EUA

Um comunicado de imprensa nesta semana confirmou os nomes de algumas testemunhas, ou “denunciantes”, com vêm sendo chamados os depoentes, para a próxima audiência sobre Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs), no dia 13 de novembro de 2024, quarta-feira, na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos.
A audiência, intitulada “Fenômenos Anômalos Não Identificados: Expondo a Verdade”, será conduzida pelos Subcomitês de Segurança Cibernética, Tecnologia da Informação e Inovação Governamental, e de Segurança Nacional, Fronteira e Relações Exteriores. O objetivo, como descrito pelas presidentes dos subcomitês, Nancy Mace e Glenn Grothman, é “abrir ainda mais a cortina sobre programas secretos de pesquisa de UAPs conduzidos pelo governo dos EUA e descobertas não divulgadas que eles produziram”.
Essa será a segunda audiência sobre o tema. A primeira, no ano passado, contou com o depoimento, entre outros, de David Grusch, e gerou grande repercussão, com alegações bombásticas sobre a existência de programas de recuperação e engenharia reversa de objetos voadores não identificados. Contudo, até o momento, Grusch não apresentou provas efetivas das informações que prestou sob juramento.

A questão agora é: quem são as testemunhas que participarão da nova audiência e o que esperar de seus depoimentos? A definição das testemunhas é crucial para o andamento das investigações e para a credibilidade das informações apresentadas. A pressão da opinião pública por transparência tem sido cada vez maior e o Congresso americano tem demonstrado que está levando o tema a sério, mas a comprovação das denúncias por meio de documentos ou elementos concretos ainda não saiu do campo das ideais.
Quem são e sobre o que devem falar as testemunhas da audiência?
A partir dos nomes dos depoentes anunciados no comunicado oficial, a comunidade ufológica já começou a especular a respeito de seus prováveis temas. Todos eles já falaram publicamente com a imprensa ou emitiram opiniões e divulgaram informações sobre UAPs nos últimos meses. Importante ressaltar, no entanto, que na Câmara, seus depoimentos serão colhidos sob juramento.
Dr. Tim Gallaudet: Como ex-chefe de oceanografia da Marinha e diretor da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), espera-se que Gallaudet foque em Fenômenos Submarinos Não Identificados (USOs). Sua experiência lhe confere conhecimento sobre atividades subaquáticas e a possibilidade de UAPs transicionarem entre os meios aéreo e aquático. Ele pode apresentar dados coletados pela NOAA ou pela Marinha, e discutir a dificuldade de rastrear e identificar objetos submersos não convencionais.
Luis Elizondo: Ex-diretor do programa AATIP, Elizondo é uma figura central na busca por transparência sobre UAPs. É possível que ele aborde a história do AATIP, a resistência do governo em investigar UAPs seriamente e a necessidade de um programa oficial e transparente para estudar o fenômeno. É improvável que traga quaisquer grandes novidades que já não tenham sido abordadas nas muitas entrevistas que concedeu, além das “revelações” de seu livro recém lançado, “Imminent: Inside the Pentagon’s Hunt for UFOs”.

Michael Gold: Ex-diretor da NASA para políticas espaciais e membro da Força Tarefa de estudo de UAPs da NASA, Gold pode fornecer insights sobre a perspectiva da agência espacial em relação a UAPs. Ele também tem experiência com a Bigelow Aerospace, empresa privada que se dedicou a pesquisas sobre UAPs sob contrato com o governo dos EUA, então esse pode ser um tópico de interesse.
Michael Shellenberger: Como jornalista investigativo, Shellenberger foi o primeiro a denunciar a existência do programa “Constelação Imaculada”, sem identificar suas fontes. É provável que ele se concentre em detalhes sobre este programa secreto, seu objetivo e os métodos utilizados para rastrear UAPs. Será uma surpresa realmente bombástica caso ele apresenta informações sobre essas fontes, incluindo potenciais testemunhas que ainda não se manifestaram publicamente por medo de retaliação. É importante lembrar que, como jornalista, Shellenberger não está sujeito às mesmas restrições legais que as outras testemunhas.
Algumas ausências mais notáveis que as confirmações
Apesar de todo o hype acerca da audiência na Câmara, chama a atenção a ausência de dois nomes importantes anteriormente cotados para tornarem-se denunciantes: Dr. James Lacatski, ex-oficial sênior da DIA, e Dr. Colm Kelleher, ex-gerente do programa AAWSAP.

Ambos são co-autores do livro “Skinwalkers at the Pentagon”, que detalha eventos incomuns relacionados a UAPs. Em uma entrevista recente, Lacatski e Kelleher declararam que não pretendem depor em audiências sobre UAPs. Eles alegam que os riscos, como a quebra de acordos de confidencialidade industrial, são muito altos para justificar a transparência.
A relutância de Lacatski e Kelleher levanta questões importantes. Segundo informações da imprensa e do livro “Imminent”, de Lue Elizondo, ambos estariam em posições estratégicas para terem conhecimento em primeira mão de programas governamentais relacionados a UAPs. Um eventual depoimento deles sob juramento teria grande impacto. Mas é curioso que essa não tenha sido uma preocupação na publicação de seu livro e eles não se furtem das aparições na imprensa ou em eventos abertos ao público.
De toda forma, a audiência de 13 de novembro de 2024 promete manter aquecido o debate sobre UAPs no Congresso norte-americano e na mídia. Resta saber se a “cortina” será realmente aberta e se as testemunhas, sob juramento, revelarão informações capazes de mudar o curso da história. Ou se o público norte-americano (e mundial) assistirá apenas mais do mesmo.