Drones misteriosos, UAPs ou aeronaves convencionais: o caos instalado nos EUA

Drones misteriosos, UAPs ou aeronaves convencionais: o caos instalado nos EUA
Invasão de drones misteriosos nos EUA, principalmente em Nova Jersey, causa perplexidade e declarações desencontradas das autoridades (ilustração gerada por IA)
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A série de avistamentos de drones não identificados que tem gerado preocupação e especulação em Nova Jersey e áreas vizinhas nas últimas semanas aparentemente está longe de terminar. Os tais drones, algumas vezes descritos como grandes e silenciosos, continuam sendo relatados sobrevoando áreas sensíveis, incluindo instalações militares como o Picatinny Arsenal, e o campo de golfe do ex-presidente Donald Trump, em Bedminster. A situação parece ter ficado ainda pior depois que uma série de versões oficiais veio à tona, levantando ainda mais dúvidas sobre a origem, as capacidades e as intenções por trás desses misteriosos objetos voadores.

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Invasão de drones misteriosos (ou UAPs) em Nova Jersey e outras localidades já causa comoção nos EUA
Invasão de drones misteriosos (ou UAPs) em Nova Jersey e outras localidades já causa comoção nos EUA

A divergência entre as declarações oficiais e as preocupações de especialistas e políticos é um ponto central no caso dos drones misteriosos. A Casa Branca e o Pentágono tentaram minimizar a ameaça, mas a falta de informações concretas e a possibilidade de um risco à segurança nacional apenas alimentam ainda mais as teorias da conspiração, instigando a apreensão em figuras políticas como Dawn Fantasia e especialistas em UAPs.

Hoje, 12 de dezembro de 2024, o Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou em pronunciamento oficial que “não temos evidências neste momento de que os avistamentos de drones relatados representem uma ameaça à segurança nacional ou à segurança pública ou tenham um nexo estrangeiro… Não fomos capazes de…corroborar nenhum dos avistamentos visuais relatados”. A declaração de Kirby tentou ridicularizar todos os relatos e, talvez com isso, tranquilizar a população, diminuindo a importância dos avistamentos e descartando, ao menos publicamente, a possibilidade de uma ameaça externa. Mas outras declarações oficiais, algumas até menos de 24 horas antes, já apresentavam cenários diferentes…

Um dia antes, em 11 de dezembro de 2024, a Vice-Secretária de Imprensa do Pentágono, Sabrina Singh, emitiu a posição do Departamento de Defesa ao afirmar em entrevista coletiva que “neste momento, não temos evidências de que essas atividades venham de uma entidade estrangeira ou sejam obra de um adversário.” O Pentágono, no entanto, não se pronunciou sobre a incapacidade de corroborar os avistamentos visuais, como fez a Casa Branca. Além disso, outro comunicado oficial emitido pelo Comando Norte dos Estados Unidos (USNORTHCOM) reforçou a postura de observação e cautela, afirmando que “conduziu uma análise deliberada dos eventos, em consulta com outras organizações militares e parceiros interinstitucionais, e neste momento não fomos solicitados a ajudar com esses eventos”.

O fato é que, até então, nenhuma organização governamental ou agência tentou negar categoricamente a existência de um fenômeno ainda inexplicado. Mesmo que entre os muitos vídeos em circulação nas redes sociais a maioria mostra claras evidências de confusão com aeronaves convencionais, já havia se tornado notório até mesmo o envolvimento do Federal Bureau of Investigation (FBI, ou Departamento Federal de Investigação).

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A aparente divergência entre a Casa Branca e o Pentágono, com a primeira adotando uma postura mais incisiva ao negar a validade dos avistamentos, e a segunda se limitando a descartar a hipótese de envolvimento estrangeiro, contribui para o clima de incerteza. O silêncio do FBI, que lidera as investigações mas não divulgou nenhuma informação oficial até o momento, aumenta a apreensão pública e a sensação de que informações cruciais estão sendo ocultadas da população, abrindo a possibilidade de instalação do caos no país.

Fantasia: “Não sabemos nada. PONTO FINAL”

Se não ocorreram para esclarecer o mistério, numa coisa as declarações da Casa Branca e do Pentágono parecem concordar: ambas aparentemente foram calculadas para evitar especulações de que o fenômeno estivesse sendo causado por forças estrangeiras. Isso porque o congressista Jeff Van Drew (R-NJ) apresentou uma teoria controversa sobre a origem dos drones. Em entrevista à Fox News, Van Drew afirmou que os drones seriam provenientes de uma “nave-mãe iraniana” posicionada na costa leste dos EUA. Essa afirmação, no entanto, foi categoricamente negada pelas versões oficiais.

Se a falta de transparência por parte das autoridades federais tem gerado críticas, uma declaração de Dawn Fantasia, membro republicana da Assembleia Geral de Nova Jersey, gerou ainda mais preocupações. Após participar de uma reunião com o Departamento de Segurança Interna (DHS) em 11 de dezembro de 2024, Fantasia expressou sua frustração em um relatório detalhado publicado em suas redes sociais. “Não sabemos nada. PONTO FINAL”, escreveu ela, refutando as declarações oficiais de que não havia nenhuma ameaça conhecida ou credível. “Afirmar que não há nenhuma ameaça conhecida ou credível é incrivelmente enganoso”, acrescentou.

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Dawn Fantasia, Republicana de Nova Jersey (Redes Sociais)
Dawn Fantasia, Republicana de Nova Jersey (Redes Sociais)

Em sua publicação, Fantasia detalhou informações alarmantes compartilhadas durante o briefing, incluindo a estimativa de até 180 avistamentos de drones em uma única noite, com a maioria ocorrendo entre o anoitecer e as 23h. Muitos dos drones foram descritos como tendo até 6 pés de diâmetro e operando “de forma coordenada”. O local de decolagem e pouso desses drones permanece um mistério, assim como sua capacidade de manter voos prolongados de até sete horas, com um alcance estimado de 15 milhas.

“A essa altura, acredito que a intervenção militar é o único caminho a seguir”, escreveu Fantasia, argumentando que as autoridades estaduais estão “algemadas” em termos de ações que podem ser tomadas. Ela pontuou que as autoridades estaduais de Nova Jersey não têm autonomia para abater os tais drones, dependendo da autorização e ação do governo federal, o que pode contribuir para a sensação de impotência. Segundo ela, a Guarda Costeira seria “a mais propensa a intervir com base em nosso briefing, mas mesmo esse componente estava envolto em mistério”.

 

Crédulos x céticos: visões bem diferentes do fenômeno

A natureza e origem dos drones misteriosos também são objeto de debate entre especialistas. Em um vídeo intitulado “Top Engineers Share the Surprising Truth About NJ Drones” (Engenheiros de ponta compartilham a verdade surpreendente sobre os drones de NJ), veiculado pelo canal THE HANNIBAL TV os engenheiros John e Gerald Tedesco, envolvidos em uma pesquisa que se propõe científica sobre os UAP (Fenômenos Anômalos Não Identificados), relataram suas observações e análises do fenômeno.

Utilizando sistemas ópticos avançados, os engenheiros afirmaram que os drones “definitivamente não faziam parte da mistura” do tráfego aéreo convencional. “Achamos que teria sido autônomo ou… operado remotamente”, afirmou um dos engenheiros, destacando a possibilidade de os drones possuírem capacidades além da tecnologia de drones comerciais. As observações também apontaram para comportamentos incomuns, como objetos “caindo do céu” e “submergindo” na água. “A atividade é estranha… Registramos objetos que caíam do céu… vimos objetos submergirem… Fomos expostos a algo… que ainda não conseguimos entender”, relatou um dos engenheiros.

Em contraste, Mick West, um cético proeminente em relação a UAPs, acredita que a maior parte dos relatos são apenas resultado de identificações errôneas de aeronaves convencionais. Respondendo a uma publicação online de Michael Melham, prefeito de Belleville, Nova Jersey, West argumentou que “tudo o que Melham está relatando aqui é consistente com uma onda de drones baseada principalmente em aviões mal identificados”. Para West, a falta de vídeos ou fotos de boa qualidade dos drones reforça sua hipótese de que os avistamentos são, na verdade, aviões a quilômetros de distância sendo confundidos com drones próximos.

 

A divergência de opiniões entre especialistas, a falta de transparência das autoridades e a crítica contundente de Fantasia em relação às declarações oficiais contribuem para o mistério em torno dos drones de Nova Jersey. A investigação em andamento pode lançar luz sobre a verdadeira natureza desses objetos, mas por enquanto, a incerteza e a especulação continuam a pairar sobre o caso.

Jeferson Martinho

Jornalista, o autor é empresário de comunicação, dono de agência de marketing digital e assessoria de imprensa, publisher de um portal de notícias regionais na Grande São Paulo, fundador e editor do Portal Vigília.

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